
Nossa capacidade de guardar informações pode se manter preservada por mais tempo se estimularmos a neuroplasticidade, capacidade que empolga especialistas da área de prevenção a demências como a Doença de Alzheimer.
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Cuidados com o cérebro devem começar cedo
Não lembrar um item das compras pode acontecer aos 20, 50 ou 70 anos. Mas se não é motivo de pânico sobre a saúde da nossa memória, a lista de supermercado pode ser tarefa de casa para quem quer deixar a capacidade de guardar informações afiada por mais tempo. “Anotar compromissos, usar agenda, calendário, fazer lista de compras ajudam a prestar atenção em outras coisas”, enumera Maira Rozenfeld Olchik, fonoaudióloga e professora do curso de Fonoaudiologia da UFRGS.
No doutorado, Maira realizou um dos maiores estudos sobre treino cognitivo em idosos já feitos no país – 150 pessoas, divididas em 10 grupos. Constatou que as estratégias adotadas resultaram em melhora da memória tanto em quem passava por envelhecimento saudável quanto naqueles com comprometimento cognitivo leve.
Esse tipo de treino e a forma como pode ser adotado para prevenir demências ou até mesmo preservar a memória foram um dos primeiros temas abordados na edição 2015 do Congresso Mundial de Cérebro, Comportamento e Emoções, realizado na última semana em Porto Alegre. Entre os principais fatores que explicam a melhora está a neuroplasticidade, capacidade que tem guiado recentes pesquisas na área.
“Sabemos que algumas pessoas têm uma tremenda capacidade de autorreparação e compensação de doenças cerebrais, como o Alzheimer”, explica Sylvie Belleville, professora titular de psicologia na Universidade de Montreal e diretora de pesquisa no Instituto Universitário de Geriatria de Montreal, no Canadá. A pesquisadora, uma das palestrantes convidadas do evento, lembra que o cérebro reage continuamente e se modifica em resposta ao seu ambiente.
“A neuroplasticidade se refere às alterações que ocorrem no cérebro em resposta a um dano, por exemplo, uma lesão no local, privação do sono, envelhecimento do órgão, Alzheimer. Ou em resposta a um estímulo externo, como treino cognitivo, aprendizagem, atividade física”, explica Sylvie.
Em ação
Mas o que são os tais treinos cognitivos? Categorização, associação e imagem mental são três estratégias criadas nesses exercícios para ajudar o momento da memorização chamada episódica, enumera Mônica Sanches Yassuda, professora associada do curso de Gerontologia da Universidade de São Paulo (USP). Uma das técnicas é chamada associação monoface. Por exemplo, você tem uma amiga que se chama Melissa e tem olhos cor de mel. Ao associar a característica ao nome, fica mais fácil lembrar o nome da pessoa.
“Também temos feito treinos para a memória denominada de trabalho, que envolve mais a atenção. Por exemplo, a pessoa ouve três séries de cinco palavras. Toda vez que aparece um animal, ela tem de bater a mão na mesa ou levantar a mão. Depois, tem a tarefa de memorizar a última palavra de cada série. Ao mesmo tempo em que presta atenção no animal, também tem uma demanda de memória”, diz Mônica.



