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Os julgamentos dos três últimos homens acusados de ocultar provas no caso da morte do estudante Rafael Rodrigo Zanella, ocorrida em maio de 1997, serão realizados a partir desta terça-feira (9). Eles serão julgados em três dias diferentes na 1ª Vara do Tribunal do Júri, no Centro Cívico, em Curitiba.

Na noite de 28 de maio de 1997, Zanella foi abordado por três policiais civis - Aírton Adonski, Reinaldo Siduovski e Jorge Élcio Bressan – e também por um estudante de Direito, Guilherme Vieira Doni, e por um informante da polícia, Almiro Deni Schmidt. Estes dois últimos prestavam serviços de forma irregular no 12º Distrito Policial (DP), em Santa Felicidade. Quando parou o carro que dirigia, o universitário levou um tiro na cabeça, efetuado pelo informante. Ele foi confundido com um traficante.

Logo depois do assassinato, os homens envolvidos no crime tentaram mudar a cena do crime. Eles colocaram um revólver na mão de Zanella e implantaram maconha na roupa dele. O objetivo era alegar que o rapaz era um traficante que reagiu à abordagem policial. Outros três rapazes que estavam com o estudante no automóvel foram presos, agredidos e ameaçados. Cerca de uma semana depois do fato, uma perícia policial revelou toda a armação realizada.

Em 1998, Adonski e Siduovski foram condenados por fraude processual, denunciação caluniosa e tortura. Eles ficaram presos até 2005 e depois foram soltos pela Justiça. No ano 2000, o informante Schmidt foi condenado a 21 anos de prisão por homicídio. Desde março de 2008, ele responde pelo crime em liberdade. Bressan recorreu à pronúncia do juiz em 1.º grau e o Tribunal de Justiça decidiu não mandá-lo a julgamento. Doni não foi acusado pelo homicídio e teve o processo dele suspenso.

Últimos acusados

Os três homens que serão julgados a partir desta semana também teriam participado da farsa para incriminar o universitário. Nesta terça, vai a júri Daniel Luís Santiago Cortes que, em 1997, era o superintendente do 12º DP, responsável pela região onde ocorreu o crime. Ele é acusado de atirar contra a viatura dos policiais que abordaram Zanella para que se criasse uma situação de troca de tiros entre o rapaz e os oficiais. O advogado dele, Osman Santa Cruz Arruda, crê que a inocência de Cortes será provada no Tribunal. "Ele chegou bem depois do homicídio e a permanência dele no local foi muito rápida. Já tinha muita gente no local e não havia como ele ter participado de qualquer esquema", argumenta.

Carlos Henrique Dias, que será julgado dia 11, era um dos escrivães do distrito. Ele teria registrado os fatos de forma distorcida na noite do assassinato. O advogado dele, Antônio Rabello de Mello, diz que não havia como ele saber que tudo se tratava de uma farsa. "Dias não participou da manipulação do local. Era escrivão e chegou na delegacia quatro horas depois da ocorrência. Ele acreditou nos policiais e registrou o que eles contaram", defende.

Maurício Bittencourt Fowler, na época um dos delegados do DP, vai a júri no dia 15. Ele teria sido o mentor da farsa e é acusado de tentar convencer os rapazes que estavam com Zanella a confirmar que o jovem era mesmo um traficante. Esta versão não corresponde à realidade, segundo o advogado Arnaldo Busato Filho. "Ele estava em uma partida de futebol quando foi chamado até a delegacia para atender uma situação de emergência. Quando chegou lá, já se deparou com o quadro pronto. Ele foi induzido a acreditar no que a equipe policial relatou que era verdade", afirma.

Entre os crimes pelo quais os três homens são acusados estão usurpação de função pública, fraude processual, tortura, denunciação caluniosa e falsidade ideológica.

Ansiedade

A mãe da vítima do crime fatal, Elizabetha Zanella, espera que o caso finalmente seja encerrado e que os culpados sejam considerados culpados. "Em maio, a morte do meu filho completa 13 anos e já está na hora dessa história acabar. Não é possível que essas pessoas que participaram de uma farsa tão grande sejam inocentadas", disse ela.

Em maio de 2007, o Estado do Paraná foi condenado a pagar uma indenização de R$ 1 milhão à família do estudante universitário. Até agora, o dinheiro não foi recebido. "Infelizmente é um processo burocrático, muito devagar e cansativo", afirma Zanella.

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