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Irmã de Pio, Vanessa Ferreira Eizing é suspeita de ajudar na execução |
Irmã de Pio, Vanessa Ferreira Eizing é suspeita de ajudar na execução| Foto:
  • A polícia diz que Arthur Vacelai Paulino escondeu a arma do crime
  • Vagner Ferreira Pio, 25 anos, é acusado de planejar o homicídio de Paolicchi
  • Imagens mostram Paolicchi no elevador do prédio onde morava e no carro onde foi encontrado morto no dia seguinte

A primeira noite dos quatro presos acusados de matar o ex-secretário da Fazenda Luiz Antônio Paolicchi, 54 anos, foi tranquila, segundo informou Josué Batista Nunes, um dos responsáveis pela carceragem da 9ª Delegacia de Polícia Civil de Maringá. O grupo foi preso na manhã de terça-feira (29) em Paranavaí, Noroeste do estado. O ex-secretário foi encontrado morto na noite de 27 de outubro, no porta-malas de seu carro, no distrito de Floriano, que pertence a Maringá.

Vagner Eizing Ferreira Pio, 25 anos, ex-companheiro de Paolicchi e suspeito de ser o mandante do crime; Eder Ribeiro da Costa, que teria efetuado os disparos; e Arthur Vacelai Paulino, que teria escondido a arma, passaram a noite na mesma cela, junto com outros dez presos. Vanessa Ferreira Eizig, irmã de Pio, suspeita de ajudar na execução de morte, está junto com mais cinco presas, em outra cela, na ala feminina. Segundo Nunes, o delegado não pediu que separasse os três homens já que o caso Paolicchi foi bem esclarecido. Todos eles estão juntos com outros presos temporários, que aguardam julgamento.

Nunes afirmou que a noite foi tranquila e que apesar de estarem cabisbaixos, os quatro não choraram. Eles ficaram quietos e nada pediram. Vez ou outra, os três rapazes conversaram entre si. Segundo o carcereiro, eles acordaram nesta quarta-feira (30) aparentemente mais conformados do que quando chegaram no dia anterior. Na terça, eles tomaram banho e os funcionários serviram a janta: arroz, feijão e salada. "Agora a próxima refeição será o almoço", disse Nunes.

Os motivos do crime

Os suspeitos foram presos após quase um mês de investigação. Segundo o delegado Nagib Palma, entre as motivações do assassinato estava o interesse de Pio em receber uma pensão de viuvez e herança, já que ele e o ex-secretário viviam em união estável há três meses em comunhão universal de bens.

O acusado ainda queria evitar que Paolicchi se apropriasse de uma indenização que ele, Pio, receberia de uma ação trabalhista. O crime também teria sido cometido para pagar uma dívida que o ex-secretário tinha com outro suspeito do homicídio, Éder Ribeiro da Costa, cunhado de Pio, que, segundo a polícia, teria efetuado os disparos.

"A vítima [Paolicchi] era usuária de cocaína e devia dinheiro para o cunhado do Vagner. Em depoimento, Vagner disse que apanhava de Paolicchi e por isso resolveu se vingar também. Ele confessou que iria receber pensão por ser viúvo e herdaria bens materiais", disse o delegado.

Além de Pio e Costa, a polícia também prendeu Arthur Vacelai Paulino (que teria escondido a arma utilizada no crime) e Vanessa Ferreira Eizing (irmã de Pio, acusada de ajudar no planejamento do assassinato). Os quatro teriam confessado a participação no crime.

O homicídio

Paolicchi foi morto no fim do mês de outubro, provavelmente após deixar o seu companheiro em um hospital para visitar um paciente. No trajeto para casa, ele foi surpreendido e morto com quatro tiros, que atingiram a cabeça, o pescoço, uma das axilas e o abdome. O corpo foi encontrado na noite do dia 27, amarrado no porta-malas do próprio carro, que estava abandonado em uma propriedade rural. Quando isso aconteceu, Pio já havia informado a polícia sobre o suposto desaparecimento de Paolicchi.

O crime envolveu a família do companheiro do ex-secretário. Segundo Nagib, o pai de Pio participou do assassinato, mas, por enquanto, não foi expedido mandado de prisão contra ele. No momento, a polícia trabalha com duas hipóteses. A primeira é de que o sogro de Paolicchi teria levado Costa até o apartamento da vítima. O autor dos disparos teria então se escondido no porta-malas do carro do ex-secretário para surpreendê-lo e assassiná-lo. A segunda hipótese é de que Costa teria entrado no carro no trajeto entre o apartamento e o hospital.

"Ele [Paolicchi] foi levado para o distrito de Floriano. Lá amarraram a boca dele com uma fita e o assassinaram dentro do carro. O pai do Vagner [Pio] foi buscar Eder no local e de lá foram embora para Paranavaí de moto. Isso o Eder já confessou", contou o delegado.

Chip de celular levou polícia aos suspeitos

O registro de um chip de celular foi essencial para a polícia chegar aos suspeitos do assassinato do ex-secretário da Fazenda de Maringá. De acordo com o delegado Osnildo Lemes, um dos envolvidos no crime colocou o próprio chip no celular de Paolicchi. Ele não teria usado o aparelho, mas o telefone registrou o número. Ao pedir a quebra do sigilo do celular da vítima, a polícia passou a rastrear o número do chip. Foi assim que os investigadores ouviram várias conversas entre os quatro suspeitos, que comentanvam sobre a repercussão do crime na imprensa.

Imagens gravadas por câmeras de segurança também foram usadas durante as investigações. Outra prova apresentada pelos policiais foi a chave do carro de Paolicchi, encontrada na casa de um dos presos. A operação que culminou na prisão dos quatro acusados foi denominada de Nero, em referência ao imperador romano tido como homossexual e amante de festas. De acordo com Nagib Palma, as investigações sobre o caso seguem até que todas as dúvidas sejam respondidas.

Sem tortura

O Instituto Médico Legal (IML) de Maringá descartou a hipótese de que Paolicchi tenha sido torturado antes de morrer. Segundo o médico legista Airton Severino Piazza, não havia sinais de violência, apenas tiros e a falta de alguns dentes. "Os tiros arrancaram alguns dentes da vítima, o que provocou especulações de que ele tivesse sido torturado e tivera os dentes arrancados. Mas realmente foram as balas que arrancaram", disse.

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