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Diversidade de espécies na margem do Iguaçu é maior em União da Vitória | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Diversidade de espécies na margem do Iguaçu é maior em União da Vitória| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

26/11 – Expedição chega a União da Vitória pelo Rio Iguaçu

  • Gustavo Curcio: quatro anos de pesquisa e uma tese de 500 páginas
  • Imagens são captadas no Rio Iguaçu, em União da Vitória
  • Falhas geológicas fazem com que o Iguaçu comece a receber mais oxigênio
  • O lixo depositado na beira do rio afeta a sobrevivência da vegetação
  • Esgoto arremessado no rio prejudica a fertilidade do solo
  • Solo argiloso é contaminado pelo esgoto
  • Esgoto interfere na fertilidade do solo em torno do rio
  • Estação de tratamento da água do Rio Iguaçu, em União da Vitória
  • O Rio Iguaçu em direção a São Mateus do Sul é bem mais largo, chegando a 200 metros
  • Pássaros sobrevoam rio: mais árvores frutíferas no Primeiro Planalto poderiam atrair pássaros
  • Ponte Machado da Costa sobre o Rio Iguaçu
  • João Maria pesca com sua esposa Rose...
  • ...e os dois filhos menores, de dois e quatro anos, na margem do Iguaçu
  • Expedição no quinto dia se encerra com o entardecer
  • Cidade de União da Vitória: fim do destino

Durante quatro anos, o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Gustavo Curcio percorreu as margens do Rio Iguaçu. O resultado do trabalho está distribuído nas 500 páginas de uma tese que ele elaborou. Nela, o também professor do curso de pós-graduação em Agronomia da Universidade Federal do Paraná mostra que o rio apresenta características diferentes nos três momentos em que ele se apresenta.

No Primeiro Planalto – das nascentes até Balsa Nova –, o solo argiloso é contaminado pelo esgoto e pelo lixo. Segundo Curcio, é o lixo o responsável por danificar a vegetação das margens. "Ele carrega as plantas por onde passa. Tábuas, por exemplo, fazem pressão e derrubam árvores", explica o professor. Curcio contou que em suas viagens encontrou lavadoras de roupas e sofás nas margens do Iguaçu.

Também o esgoto interfere na fertilidade do solo em torno do rio. O pesquisador citou a região de Curitiba, onde o número de espécies que compõem a mata ciliar é bem reduzido. Ainda sobrevivem alguns branquilhos, completou, mas a maioria das árvores dessa espécie é resultado da rebrota, com troncos de diâmetro médio de 30 centímetros. "Os branquilhos podem ter tronco de dois metros de diâmetro, mas a floresta foi integralmente arrasada porque essa espécie serviu de lenha para os vapores que circulavam entre Porto Amazonas e União da Vitória." De acordo com Curcio, em cada viagem eram usados cem metros cúbicos de lenha.

O professor afirma que muitas outras espécies de árvores eram encontradas nas margens do Rio Iguaçu na região do Primeiro Planalto. Algumas delas eram os ipês, canelas e até os pinheiros. Esses últimos eram encontrados nas margens altas porque a espécie não se adapta a solos com água, completa Curcio.

O pesquisador garante que é possível recuperar a mata ciliar no Primeiro Planalto, mas seria preciso limpar o rio. Em seguida, seria viável colocar algumas espécies frutíferas (como guabiroba e pitanga) – para atrair pássaros – e algumas palmáceas, inclusive o branquilho, completou. Mas Curcio disse que não é preciso ficar se preocupando em procurar mudas porque a natureza é pródiga. "Eu apostaria no branquilho, que atrai fauna e segura o solo, e o resto viria na sombra."

O Segundo Planalto – de Engenheiro Bley a Porto Vitória – é caracterizado pelas falhas geológicas e o rio começa a receber mais oxigênio. O professor descreve o Iguaçu nessa região como sendo mais largo e com margem mais alta. O solo menos encharcado favorece o crescimento de uma variedade maior de espécies, mas as que aparecem são, basicamente, as mesmas do Primeiro Planalto. "O que altera é a quantidade", diz Curcio. A partir de Porto Vitória, no Terceiro Planalto, o solo é argiloso e a mata ciliar tem as mesmas características do Segundo Planalto, de acordo com o professor.

Expedição

No quinto dia da Expedição ao Rio Iguaçu o destino foi União da Vitória. Navegando a partir dessa cidade, rio acima, em direção a São Mateus do Sul, o que se observa é que o Iguaçu é bem mais largo, chegando a 200 metros, e a profundidade pode variar de dois a 15 metros, explica o biólogo Tom Grando, consultor da expedição. Nas margens, com solo bem mais seco, a diversidade de espécies é grande. "Surgem de 25 a 30 espécies, enquanto na região de Curitiba aparecem de 11 a 15", compara Curcio.

Com mais oxigênio, mais peixes surgem na região. A melhor época para a pescaria é o verão, diz João Maria dos Santos, que pescava com a esposa, Rose, e os dois filhos menores, de dois e quatro anos, na margem do Iguaçu. "No verão eu pego bastante lambari, mas hoje não peguei nada", lamentou João, que já estava há três horas tentando garantir um incremento na alimentação da família. Em União da Vitória, a presença de pescadores nas margens é bastante comum.

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