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Bombeiros procuram os desaparecidos no Ribeirão Claro: corpos foram achados à noite, a 600 metros do local | Antônio de Picolli
Bombeiros procuram os desaparecidos no Ribeirão Claro: corpos foram achados à noite, a 600 metros do local| Foto: Antônio de Picolli

Simepar não detectou chuva forte no local

Na tarde deste domingo, o Si­­mepar identificou várias áreas de instabilidade climática na região, mas nenhuma formação fora do normal em Ribeirão Cla­­ro, especificamente. Con­­for­me o meteorologista Tarcí­sio da Cos­ta, o histórico de chuvas na re­­gião é de 175 a 200 milímetros durante o mês de dezembro. Por não ter uma estação climática tão próxima ao município, no entanto, o órgão não tem como dizer se a precipitação de ontem foi irregular ou não. Ainda as­­sim, os equipamentos não chegaram a acusar nenhuma chuva excepcional, apenas uma precipitação, aparentemente, regular, entre 16 e 17 horas, com 30 mi­­nutos de intensidade.

Cuidados

A principal dica do Corpo de Bom­­beiros para quem quer acam­­par em segurança, principalmente aos marinheiros de primeira viagem, é nunca instalar as barracas próximas às margens dos rios e cachoeiras. A recomendação parece simples, mas é importante porque, se­­gundo o capitão Leonardo Men­­des dos Santos, quando ocorre um chuva muito forte como a de ontem, a água desce com muita força, arrastando o que tiver pela frente, sem dar tempo de qualquer ação. Acidentes assim são conhecidos como "cabeça d’água".

O comandante da seção do Corpo de Bombeiros de Jacare­zinho, tenente Rodrigo Schoem­­berger, que presidiu as buscas em Ribeirão Claro, reforça ainda que não se deve acampar em áreas particulares, somente em campings e lugares com in­­fraestrutura adequada. Uma olhada na previsão do tempo também é importantíssimo.

Aline Peres

Ribeirão Claro - O domingo de sol para um grupo de amigos acabou em tragédia ontem, em Ribeirão Claro, no Nor­­te Pioneiro do Paraná. Eles se ba­­nhavam no ribeirão que leva o nome da cidade, a poucos metros da cachoeira Véu da Noiva, um dos pontos turístico da região, quando uma torrente de água desceu pelo canal fazendo o nível do rio subir quase três metros. Três pessoas, um homem e duas mulheres, que brincavam próximo à cachoeira foram arrastados e jogados do alto da queda d’água, que tem mais de 30 metros de altura, e desapareceram em meio ao volume de água.

A tragédia mobilizou o Corpo de Bombeiros, que enviou uma equipe formada por dez homens, a maioria mergulhadores, na tentativa de encontrar os desaparecidos. Ainda na noite de domingo, os corpos dos três banhistas foram achados a pouco mais de 600 metros da cachoeira. Conforme o comando do Corpo de Bombeiros, as vítimas são Denilson Lemos dos Santos, 27 anos, Maria Aparecida da Silva, 62 anos, e Karina da Silva, 21 anos, moradores de Ourinhos, cidade do sudoeste de São Paulo, a pouco mais de quatro quilômetros de Ribeirão Claro.

Com a informação de que o grupo era formado por pelo me­­nos mais oito pessoas, o Corpo de Bombeiros resolveu reiniciar as buscas ontem pela manhã no local. Os militares desceram o ribeirão vasculhando o ribeirão até chegar ao Rio Paranapanema, onde o canal desemboca. Porém, por volta das 14 horas, a polícia informou que as outras supostas vítimas tinham deixado o local momentos antes da tragédia. Todos os turistas foram localizados no bairro do Itajubi, na periferia da cidade, onde moram. Os corpos das vítimas foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML) de Jacarezinho e liberados ainda na madrugada de ontem.

De acordo com o sargento do Corpo de Bombeiros, Luiz Antônio de Souza, que comandou as buscas, os corpos foram encontrados bastante machucados, um sinal de que a força da água jogou os banhistas contra as pedras.

Perigo

No local, que não possui salva-vi­­das e é um dos mais visitados por turistas durante o verão, os visitantes são informados por placas de alerta sobre os riscos que a grande queda d’água oferece, assim como a frequente elevação do nível do Ribeirão Claro. Localizada em uma região de serra e com várias quedas d’águas e nascentes, a cachoeira Véu da Noiva convive constantemente com o registro de torrentes na cabeceira do ribeirão. "Os moradores da região sabem que o nível de água sobe muito rápido quando chove no alto da serra. Por isso as pessoas tomam mais cuidado. Mas os turistas, muitas vezes desavisados, acabam não olhando as placas e se surpreendendo. Essa tragédia poderia ter sido ainda maior se mais gente estivesse no leito do rio", diz o in­­vestigador da Polícia Civil, Adilson Ross Lumino.

Em 2009, uma mulher de 54 anos, que também se divertia com a família na cachoeira Véu da Noiva, acabou morrendo em condições parecidas com o acidente de domingo. A dona de casa Lúcia Maria Rufino se banhava próximo ao alto da cachoeira quando se desequilibrou e caiu do alto da queda d’água. Naquele dia, assim como ontem, havia chovido mi­­nutos antes da tragédia, o que pode indicar uma mudança no nível e no volume da água que desce pelo canal.

A Polícia Civil abriu inquérito para investigar a tragédia. O delegado Acilto Damian Previ disse ontem que já ouviu quatro testemunhas, que explicaram em detalhes como a tragédia aconteceu. "Foram três mortes causadas por um ‘evento natural’, mas mesmo assim abrimos um inquérito para formalizar a situação", explicou. O delegado também pretende ouvir outras testemunhas durante a semana.

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