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Parente de passageiro do voo 447 Air France busca informações no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), na Ilha do Governador, zona norte do Rio | Gabriel de Paiva/Agência O Globo
Parente de passageiro do voo 447 Air France busca informações no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), na Ilha do Governador, zona norte do Rio| Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo
  • Voo interrompido

O desaparecimento do voo 447 da Air France, na noite de domingo para segunda-feira, levou angústia a pessoas de 32 países espalhadas por quatro continentes. Eram parentes e amigos dos passageiros e tripulantes, que passaram a esperar qualquer notícia sobre o destino do Airbus A-330 que havia partido do Rio de Janeiro com destino a Paris. Até a noite de ontem, porém, não havia qualquer informação sobre o avião.

O voo saiu do Aeroporto do Galeão às 19h30 de domingo. Na noite de ontem, as autoridades já tratavam o caso como "catástrofe aérea" – a pior da história da Air France e a primeira com um modelo Airbus A330. Trata-se ainda do primeiro acidente grave nesta rota, considerada segura, em mais de sete décadas.

Os 228 passageiros e tripulantes – incluindo 58 brasileiros – têm "escassas perspectivas" de serem localizados, nas palavras do presidente francês, Nicolas Sarkozy. As buscas, entretanto, serão intensificadas hoje em "uma zona identificada com uma margem de erro de algumas dezenas de milhas náuticas", perto da metade do caminho entre Natal, no Brasil, e Dacar, no Senegal. Os passageiros e tripulantes compõem um mosaico de 32 nacionalidades, incluindo 61 franceses, 26 alemães, 9 italianos, 6 suíços, 5 britânicos e 5 libaneses. O grande número de nacionalidades causou confusão à tarde, em especial porque mais de uma dezena de passageiros tem dupla cidadania.

De acordo com informações oficiais, divulgadas pelo diretor-presidente da Air France, Pierre-Henri Gourgeon, até as 3h33 (22h33 no Brasil) não havia anomalias no voo. Naquele momento, o avião estava a 565 km de Natal, no Brasil, e voava a 840 km/h e a uma altitude de 11 mil metros. "A última mensagem foi habitual. O controle aéreo brasileiro foi informado de que o avião deixava o espaço aéreo brasileiro. Nesse momento, estava em velocidade de cruzeiro", explicou o executivo. Na sequência, o Airbus viajaria cerca de 2h30 em uma região sem controle de radares, sobre o Oceano Atlântico, até ingressar no espaço aéreo do Senegal.

Às 4h13 (23h13 de Brasília), contudo, o sistema automático do avião passou a enviar, por ondas de rádio, uma dezena de mensagens nas quais acusava a pane de vários objetos elétricos da aeronave. O envio dos sinais se estendeu por 4 minutos, até que o sinal foi perdido. "Essas mensagens técnicas assinalaram uma série de situações imprevistas a bordo da aeronave. Depois delas, não houve mais trocas. É provável que pouco após essas mensagens tenha se produzido o impacto no Atlântico", informou Gourgeon.

Segundo a companhia aérea, o avião enfrentava uma área de instabilidade, marcada por forte turbulência e tempestades elétricas. "Não é possível estipular até aqui se houve um vínculo entre as condições meteorológicas adversas e o acidente", reforçou o executivo. Não houve novas comunicações da tripulação, que era bastante experiente. O comandante tinha 11 mil horas de voo, incluindo 700 em aeronaves do mesmo modelo do Airbus desaparecido. Um dos copilotos tinha 3 mil horas de voo e o outro, 6,6 mil horas de voo. O A-330 estava equipado com motores da General Eletric CF6-80E e era considerada novo – começou a operar no dia 18 de abril de 2005. A última visita de manutenção em hangar ocorreu em 16 de abril deste ano.

No leque de hipóteses para explicar o desaparecimento do Airbus A-330 da Air France, chegou-se a levantar ainda o influência de um raio e até um improvável atentado terrorista. A área onde o Airbus provavelmente caiu é de águas profundas, abismos oceânicos de até 4 mil metros. Essa massa de água bloqueia os sinais emitidos pela caixa-preta e pelos sensores de emergência. Se isso ocorreu, haverá grande dificuldade de resgate.

Ontem, os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da França, Nicolas Sarkozy, se pronunciaram dando condolências às famílias das vítimas. "É uma dor irreparável, muito mais para os parentes. Neste momento, é só solidariedade. Não existe outra coisa a fazer", disse Lula. Sarkozy, em um encontro com parentes de passageiros, foi sincero. "Eu disse a eles a verdade. As possibilidades de encontrar sobreviventes são muito pequenas."

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