
Mesmo quem não tem filho entende que a gestação é um período especial e complicado na vida da mulher. Dúvidas, inseguranças e mudanças emocionais são constantes nesse período. Além do acompanhamento médico, é importante que a mãe tenha um ombro amigo para passar por esse momento. Um grupo de mães de Curitiba encontrou esse apoio pela internet.
Elas começaram com a troca de dicas e experiências em uma rede social e, depois, passaram a se encontrar na vida real. Hoje, são amigas. O detalhe é que todas passaram pelo dobro ou até o triplo das preocupações normais: são mães de gêmeos ou trigêmeos.
"A maioria é mãe de primeira viagem e tem muitas dúvidas. A gente troca receitinhas caseiras, fala sobre a rotina das crianças e, assim, uma ajuda a outra. O grupo também é uma forma de desabafo. Fazemos um clube da Luluzinha das mães de múltiplos", conta Carolina Marinho, mãe de trigêmeos. Elas se encontram periodicamente em um café ou na casa de alguém. Mas, pela internet, a troca de mensagens é diária e o grupo conta com uma dezena de mães.
Entre os principais assuntos estão as mudanças que os filhos trazem para a rotina do lar e da família. "A gente fica sem tempo nenhum. É dar de mamar e trocar fralda. Dormir é meio raro no começo. Por isso é preciso ter paciência em primeiro lugar e muito amor, muita dedicação", orienta Fabiolla Abib Zarpellon, massoterapeuta e mãe de gêmeas.
O poder do convívio
A troca de experiências é essencial para todas as mães, de acordo com a psicóloga e acompanhante de parto Katya Bleninger. "A família de hoje não é mais como antigamente. Agora, cada um vive a sua vida e a mãe se sente sozinha e insegura. É importante ter gente por perto para ajudar, aconselhar, dar dicas", explica.
O contato com pessoas que vivem situações semelhantes deve ser buscado mesmo depois que as crianças crescem. "Até as conversas que não são sobre bebês são fundamentais. Não substitui o papel do pai e da família, mas a mulher se sente mais acolhida em um grupo. Alguns problemas se repetem em todas as casas e é bom ter essa perspectiva", afirma a psicóloga.
E é fácil montar um grupo de mães. A mulher pode combinar encontros com amigas que já conhece e vivem um momento parecido. Também é possível participar de outros já estabelecidos, encontrar grupos virtuais em redes sociais e blogs ou organizados por especialistas. Há, ainda, reuniões movidas por interesses específicos, como amamentação e escolha entre parto normal e cesárea.
Trigêmeas ao natural
Olívia Damasceno Branco, coordenadora de comunicação de um hospital de Curitiba, teve de ficar internada uma semana antes de dar a luz às suas trigêmeas. Isabela, Isadora e Isamara têm hoje 27 anos e uma saúde de ferro. Mas, naquela época, Olívia temia por suas filhas. Elas nasceram prematuras, de sete meses, e tiveram de ser hospitalizadas. "Apesar de todo o susto, quando pudemos finalmente ir para casa, foi só alegria", conta. No caso de Olívia, a concepção e o parto foram naturais, o que era raro para época. Contando só com a natureza, a chance de um casal ter trigêmeos é de um para 7.225 partos. Agora, com as técnicas de fertilização artificiais, a probabilidade de a mãe que passou por tratamento ser surpreendida com trigêmeos é de dois a cada 100 partos.
Vida e Cidadania | 2:56
Um grupo de mães de gêmeos e trigêmeos de Curitiba se conheceu pela internet e agora se reúne periodicamente para trocar dicas e conselhos sobre os filhos. A Gazeta do Povo participou de um desses encontros. Confira.



