
Foi enterrado ontem, no Cemitério Água Verde, em Curitiba, o corpo da última das 73 enfermeiras que foram para a Segunda Guerra Mundial pela Força Expedicionária Brasileira (FEB). Aos 95 anos, a professora paranaense Virgínia Leite faleceu na manhã da última quinta-feira, após permanecer internada no Hospital Militar desde o dia 26 de dezembro.Nascida em Irati, no Centro-Sul do Paraná, no ano de 1916, a professora passou oito meses na Itália, entre 1944 e 1945, ajudando a cuidar dos brasileiros feridos em combate. A decisão de ir para a Guerra foi tomada aos 29 anos, quando Virgínia se comoveu com a ida dos militares brasileiros para a frente de batalha. Após realizar um curso de enfermagem na Cruz Vermelha, ela embarcou rumo a Nápoles com outras sete paranaenses (Maria Suarez, Acácia Cruz, Wanda Majewski, Edith Fanha, Jaci Cheves, Hilda Ribeiro e Guilhermina Gomes), todas de Curitiba, e mais 65 brasileiras de outros estados.
Em entrevista à Gazeta do Povo em 2008, a professora se emocionou ao lembrar o período em que passou na Itália. Apesar de nunca ter estado nas frentes de combate, Virgínia contou que o medo era constante. "Não via, mas escutava os aviões alemães passando por cima do hospital. Dava dor no estômago", afirmou na entrevista.
Ela também destacou que cuidou de soldados de diversas nacionalidades durante a guerra. "Quem chegava ferido era tratado do mesmo jeito. No hospital, não há inimigo. Cuidamos de muitos alemães".
A professora foi reformada pelo Exército e ganhou o cargo de 1.ª tenente, além de diversas medalhas. Entre elas a com o símbolo da Força Expedicionária Brasileira (FEB) entregue a todos que estiveram em batalha e a de Ana Néri, a primeira enfermeira brasileira, que esteve na Guerra do Paraguai.
* * * * *
Interatividade
Você conhece alguém que lutou na Segunda Guerra? Conte-nos a história dele.
Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.



