
Paranaguá - Uma missa em Paranaguá, no litoral do Paraná, lembrou ontem um ano do desaparecimento e morte do padre Adelir de Carli. O religioso ficou conhecido ao decolar com mil balões de gás, no dia 20 de abril de 2008, e teve seu corpo encontrado somente em 29 de julho, em Macaé (RJ).
A cerimônia foi celebrada em local improvisado nas dependências da Pastoral Rodoviária, durante a noite de ontem. Diversos moradores das 13 comunidades que abrangem a Paróquia São Cristóvão e também caminhoneiros acompanharam a missa.
"[Padre Adelir] sempre estava com seu famoso caminhão-capela nos postos de combustível e pátios de espera da área portuária. A gente que viaja nem sempre pode ir até a igreja, por isso era só ele chegar que o pessoal se reunia para escutar suas missas e pedir conselhos", conta o caminhoneiro Valcemar Augusto Bach, de 44 anos, morador de Ponta Grossa.
Cumprir missões em nome dos motoristas de caminhão foi a grande bandeira de luta do padre. Desde 2004 à frente da Pastoral Rodoviária e também da Paróquia de São Cristóvão (santo padroeiro dos caminhoneiros), morreu na tentativa de chamar atenção para a realização de um sonho em nome dos caminhoneiros.
"Ele queria conquistar recursos com empresários da cidade, pois iniciou a construção de quatro balcões, que contarão com mais de 100 quartos para motoristas de caminhão e suas famílias descansarem durante viagens. Cerca de R$ 1 milhão já foram gastos e ainda falta o dobro disso para finalizar a obra", afirma o padre Carlimar Gonçalves de Holanda, que há menos de um mês assumiu a paróquia.
A missão de Carlimar é novamente pôr ordem na casa. "A paróquia passa por dificuldades. Perdemos nosso caminhão-capela para a Justiça. Das três linhas telefônicas, restou apenas uma. Para piorar, no domingo de Páscoa arrombaram a sede da pastoral e furtaram cabos de energia, freezer e materiais de construção. Até mesmo pratos e panelas os bandidos levaram", lamenta o padre, que passou a usar um cão rottweiler para vigiar o local.
A comunidade está sendo convocada para ajudar. "Estamos formando uma nova comissão para pastoral e paróquia. Precisamos urgente de um caminhão para voltar a celebrar a missa nos pátios. Somente desenvolvendo nossas atividades poderemos dar continuidade ao grandioso projeto que o padre Adelir iniciou", ressalta o pároco.
Enquanto a reestruturação não ocorre, voluntários foram convocados para ajudar a organizar a missa de um ano do desaparecimento e morte do religioso. "Era um homem corajoso e aventureiro. Sua energia faz falta aqui no Jardim Iguaçu, por isso vamos auxiliar no que for preciso", diz a dona de casa Helena Francisco de Souza, de 68 anos.



