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Justiça

Um ano sem ver Sean, avós maternos têm visita consular negada pelos EUA

Família brasileira deu entrada com petição junto ao Itamaraty. Silvana Bianchi diz que não fala com menino por telefone desde junho

Um ano depois que Sean Goldman foi entregue ao pai, a família brasileira do menino ainda luta para conseguir voltar a vê-lo. Esta semana, os advogados da família brasileira de Sean entraram na Justiça com um novo pedido de visitação consular ao neto, que foi negado na tarde desta quarta-feira (22), pelo governo dos Estados Unidos.

"Acabei de ser informado pelo Ministério de Relações Exteriores que o Departamento de Estado Americano se negou a intermediar o pedido de visita consular com ou sem a presença dos avós", informou o advogado Carlos Nicodemos. Segundo ele, a decisão foi justificada da seguinte forma: "diante do desinteresse do pai não há o que se fazer".

O advogado informou que o caso já está sendo levado ao Ministério das Relações Exteriores. "Essa negativa está sendo encaminhada ao ministro Celso Amorim, já que não houve reciprocidade dos EUA para garantir o bem estar do menino", afirmou Nicodemos.

Procurado pelo G1, o Itamaraty informou, por meio de sua assessoria, que vai checar o caso com o departamento consular.

"Não estamos dando o caso por encerrado. Esperamos o posicionamento oficial do ministro e do Estado Brasileiro o quanto antes", completou.

Ainda segundo ele, o caso agora virou uma questão política. "A questão subiu para o andar de cima e deverá receber tratamento político, para rediscutir a reciprocidade entre Brasil e EUA em relação à Convenção de Haya", já que, segundo Nicodemos, o governo brasileiro garantiu ao pai do menino o direito de visitar Sean no Brasil.

Desde dezembro de 2009, o avô materno, o padrasto e a irmãzinha caçula não tiveram mais nenhum contato com o menino Sean. O último telefonema, autorizado apenas para a avó, foi no dia 22 de junho. "Não temos notícias. Ele está sendo blindado, está tudo bloqueado. Ele não está tendo contato com ninguém e isso é uma violência. A parte dos direitos humanos nesse caso, então, é lastimável", desabafou a avó materna Silvana Bianchi, em entrevista ao G1, antes de receber a notícia sobre a negativa do governo norte-americano.

O G1 tentou entrar em contato com Silvana após a decisão desta quarta (22), mas ela não foi encontrada para comentar o caso.

Silvana conta que, desde a ida do neto para os Estados Unidos, os telefonemas são escassos, gravados e sempre feitos pela família brasileira e eles não conseguem contato nem via internet.

"Em março fomos aos Estados Unidos e não conseguimos vê-lo porque o David não nos deu permissão. Fomos à Justiça pedir autorização para uma visita, reiterando o caráter de urgência, e não conseguimos. Ele é obrigado a falar com a gente sempre em inglês. Acho que há um esforço até para ele esquecer o português. Ele praticamente só responde sim e não. O que era um telefonema, parece uma entrevista", disse Silvana, que nas poucas vezes que conversou com o neto faz questão de falar português, mesmo que ele responda em inglês.

Na casa brasileira, tudo continua como ele deixou, com fotos suas espalhadas pelos cômodos. "Apesar de 2 anos e 4 meses, a Chiara sempre pergunta por ele. Como temos fotos dele pela casa inteira e ela vê e pergunta: cadê o irmão?’", conta.

Questões na Justiça

Na Justiça brasileira, a família Bianchi alega que a decisão de entregar Sean ao pai foi assinada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, que não era o relator do processo, contrariando a decisão anterior do ministro Marco Aurélio Mello. Tanto a avó quanto o padrasto, João Paulo Lins e Silva, entraram com recursos, que ainda não foram julgados.

Segundo Ricardo Zamariola, advogado de David no Brasil, o processo permanece a decisão que liberou Sean para seguir para a casa do pai.

Procurados pelo G1, os advogados do americano nos Estados Unidos não retornaram os contatos até a publicação desta reportagem.

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