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Polêmica

Um chinês de olho na Amazônia

Curitiba e Pequim – Um rico empresário chinês respeitado no seu país declara aos quatro ventos ter comprado dos índios brasileiros uma parte da floresta amazônica e acaba alvo de um inquérito no Brasil. Pode parecer ficção, mas não é. Nos círculos empresariais chineses, o executivo Lu Weiguang, dono da produtora de pisos de madeira e importadora Shanghai Anxin, é respeitadíssimo como "o líder do setor de madeira" e está entre os 400 homens mais ricos do país, segundo a revista americana Forbes.

Weiguang mantém um apartamento em bairro nobre de Curitiba, para onde trouxe a mulher, Chen Jie, grávida de três meses. Com o nascimento do filho brasileiro, Victor Lu, em abril de 2003, o empresário chinês garantiu visto permanente no Brasil.

A mídia estatal chinesa gosta de chamar o empresário de 39 anos de "o primeiro chinês a ser dono de parte da floresta amazônica". Improvável? É o que garante a Funai. Mas Lu Weiguang afirma que comprou, em 2004, mil quilômetros quadrados de floresta amazônica nativa de uma reserva indígena na região pertencente a uma tribo, que ele se recusa a identificar por temer "trazer problemas para a população indígena, meus amigos". Lu não gosta de falar sobre o assunto nem se deixa fotografar: "o Brasil é um país muito violento, onde mais de 50 pessoas morrem por dia só em São Paulo. Não gostaria de aparecer num jornal".

Ele só concordou em responder perguntas por escrito quando confrontado com o fato de que a região de floresta amazônica nativa que ele adquiriu é grande demais para ser ignorada. Trata-se de uma área em Mato Grosso (cuja localização exata Lu não revela) maior que Cingapura, um país de 693 quilômetros quadrados. É equivalente a todo o território de Hong Kong (1.092 quilômetros quadrados), ou mais de duas vezes a ilha de Florianópolis (cerca de 450 quilômetros quadrados). Ou o equivalente, como gostam de dizer os jornais chineses, à ilha de Congming, próxima a Xangai e visível claramente em qualquer mapa da China.

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