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PRESERVAÇÃO

Uma história quase perdida nas esquinas

Demora em implantar lei para preservar imóveis históricos em Ponta Grossa fez com que construções se dispersassem pela cidade

Rua XV de Novembro concentra parte dos casarões e prédios pertencentes a personalidades influentes do início do século 20 | Josué Teixeira/ Gazeta do Povo
Rua XV de Novembro concentra parte dos casarões e prédios pertencentes a personalidades influentes do início do século 20 (Foto: Josué Teixeira/ Gazeta do Povo)
Antiga estação ferroviária hoje abriga Casa da Memória |

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Antiga estação ferroviária hoje abriga Casa da Memória

Grande parte dos prédios históricos que resistiram ao crescimento de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, escaparam por pouco de serem demolidos no início da década passada. A lei municipal que estabeleceu políticas públicas para tombar e preservar os imóveis erguidos nos séculos 19 e 20 foi criada apenas em 2001. Hoje existem 58 construções protegidas e 41 em análise, mas a dispersão dos imóveis já não permite a criação de um centro histórico.

Muitos imóveis ficaram isolados em meio a construções contemporâneas, como o prédio da antiga Casa Justus, no cruzamento das avenidas Balduíno Taques e Comendador Miró, na região central. Outros foram derrubados antes da lei municipal. É o caso da catedral Sant’Anna, construída em 1910 e destruída em 1978 para a construção, no mesmo terreno, de um templo que foi concluído em 2009.

A diretora do departamento de Patrimônio Cultural da Secretaria Municipal de Cultura, Vanessa Vergani de Oliveira, afirma que, apesar de não ser possível desenvolver um projeto para criar um centro histórico protegido no município, o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural (Compac) tem estabelecido políticas para proteger os bens.

As ações incluem, por exemplo, obras no centro velho de Ponta Grossa, também chamado de quadrilátero histórico. A fiação aérea é substituída por subterrânea na rua Fernandes Pinheiro, que faz parte do entorno da estação Saudade – estação de trem construída no século 19.

A mesma substituição ocorreu no calçadão da rua Coronel Cláudio, na Vicente Machado e na Balduíno Ta­­ques. Em todas as vias, ela segue o mesmo padrão: além do aterramento da fiação, haverá novos postes de iluminação, novo imobiliário urbano e maior acessibilidade.

"A expectativa é que haja uma revalorização da região e, consequentemente, uma mudança no perfil de ocupação, nas edificações e na urbanização", diz o secretário de Governo, Edgar Hampf.

Resgate

Raízes da cidade estão ligadas à ferrovia e aos tropeiros

Por ser uma cidade antiga, com 189 anos completados em setembro, Ponta Grossa ainda tem prédios construídos no século 19. É o caso das duas estações de trem tombadas como patrimônio histórico estadual nos anos 90, antes da criação da lei municipal. A primeira estação, onde hoje funciona a Casa da Memória do município, foi inaugurada em 1894, e a segunda, que sediou a biblioteca municipal e hoje está sem uso, foi aberta cinco anos depois da primeira.

A historiadora Isolde Maria Waldmann lembra que o desenvolvimento do município tem suas raízes ligadas ao tropeirismo, no século 18 – já que a região era rota dos tropeiros –, e à ferrovia, que favoreceu o aparecimento de um entroncamento ferroviário em Ponta Grossa.

Os imóveis remanescentes desse período histórico estão localizados no eixo das ruas Benjamin Constant e Fernandes Pinheiro, na região onde hoje está o centro de comércio popular do município, e no quadrante da Rua XV de Novembro e da Rua Augusto Ribas, que concentra grande parte dos casarões e prédios pertencentes a personalidades influentes do início do século 20.

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