
No próximo 15 de dezembro é comemorado o Dia Nacional da Economia Solidária. Essa modalidade de trocas difere das leis de mercado tradicional por incluir pessoas que historicamente estão marginalizadas em função da pobreza. Os vínculos também são fortalecidos e para muitos especialistas e "praticantes" este pode ser um dos caminhos para a superação das desigualdades sociais. Apesar de existirem desde o início do século no Brasil, foi a partir da década de 90 que o número de empreendimentos de economia solidária tornou-se significativo. Cidadãos e trabalhadores passaram a organizar essas iniciativas, principalmente como alternativa ao desemprego.
Em 2003 surgiu o Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES) para tentar dar mais voz aos cerca de 3 mil empreendimentos do país. "O primeiro encontro das entidades ocorreu no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, em 2001. Além de acreditar que outra economia era possível, vimos que ela já estava ocorrendo na prática", diz Maurício Barcellos Degelmann, representante do Paraná na coordenação do FBES e presidente do Instituto GT3.
No Paraná há um grupo de trabalho envolvendo a sociedade civil e representantes do poder público para discutir a aprovação de uma legislação sobre economia solidária. Degelmann explica que diferentemente do modelo tradicional, neste tipo de relação de troca é possível discutir questões como gênero, raça, etnia e sustentabilidade. "É uma inclusão produtiva, para que o cidadão tenha emancipação pelo trabalho, mas sem ser explorado. O mundo está em crise e a economia solidária é a porta aberta para criar outros modelos."
Comércio justo
Em 2007 o administrador de empresas Tiago Dalvi resolveu criar, em parceria com a organização não governamental Aliança Empreendedora, uma empresa para conectar produtores e consumidores e assim gerar renda para pessoas pobres. Por meio da Solidarium, artesãos podem vender suas criações para grandes redes varejistas. "O foco não é o lucro, mas promover acesso ao mercado", diz o fundador.
Hoje a Solidarium trabalha com 1,6 mil produtores, de 44 cooperativas e microempresas, em 12 estados do Brasil. Para integrar o projeto, os participantes não pagam nada e, após dois anos, têm um crescimento de até 80% na renda média, além de outros benefícios indiretos, como melhorias na comunidade em setores de saúde e moradia.
O trabalho da empresa é certificado pela Organização Mundial do Comércio Justo e dobra de tamanho anualmente. A meta é que em cinco anos a Solidarium tenha ajudado a retirar 10 mil pessoas da pobreza.
Uma das beneficiadas pela ONG é o empreendimento Santo Fuxico, de um grupo de mulheres do bairro Cajuru, em Curitiba. A artesã Barbina Ferreira Martins, 61, começou um trabalho em parceria com outras pessoas da comunidade para a confecção de produtos com retalhos, técnica conhecida como patchwork. Hoje elas vendem o artesanato em uma grande rede de supermercados do país.
Barbina já trabalhou com 17 mulheres do bairro, mas o grupo precisou deixar o espaço do barracão comunitário e o número de integrantes diminuiu para três. A meta para 2012 é encontrar um novo lugar e ampliar o número de participantes.




