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Urbanismo

Uma via com crise de identidade

Intervenções mais agressivas da prefeitura poderiam livrar a Linha Verde de ficar parecida à Marginal Pinheiros ou coisa que valha

Uma via em observação: ocupação paulatina e bem acompanhada é garantia de que a Linha Verde será habitável | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Uma via em observação: ocupação paulatina e bem acompanhada é garantia de que a Linha Verde será habitável (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

As esquinas da Avenida Santa Bernadethe, no Fanny, exemplificam as duas identidades atuais da Linha Verde. De um lado, a antiga fábrica de colchões Trorion foi comprada e está sendo transformada em um prédio comercial para locação, de 7 mil metros quadrados. De outro, um terreno alugado para um estacionamento e comércio de peças de caminhões, algumas já dignas de ferro-velho, persiste.

O engenheiro civil responsável pela obra do novo prédio comercial, Márcio Kulik, da Gadens Empreendimentos, diz que o terreno de 14 mil metros quadrados, localizado no polo Santa Bernadethe da Linha Verde, tinha potencial para uma construção de perfil misto, com muitas unidades habitacionais, mas que os donos, assim como outros investidores, não quiseram arriscar. "A verdade é que a Linha Verde é ainda muito passagem. Há muito tráfego e uma dificuldade grande de travessia, de ligação entre um lado e outro. Os investidores estão incertos sobre o que fazer."

Além do receio dos investidores, a ocupação atual de alguns polos nada tem a ver com o que foi demarcado para a área pelo Ippuc. Esse é o caso do polo Jardim Botânico, que envolve as primeiras quadras da Linha Verde com o viaduto da Avenida das Torres. Do lado direito de quem vai para o Pinheirinho, está o hipermercado Big, com unidade da Fundação de Ação Social e uma escola atrás e, logo depois do viaduto, um imóvel antes alugado pela Uni­­versidade Tuiuti dará lugar a uma ocupação institucional, uma sede da Polícia Federal. Na outra margem da Linha Verde está o Hospital Erasto Gaertner, cercado de residências e pequenas empresas. Com exceção dessas últimas instalações, o restante dificilmente sairá de lá para dar lugar a um empreendimento de ocupação mista ou coisa parecida.

Outro entrave, mesmo a longo prazo, para uma paisagem diversificada é apontado pelo sócio do escritório Willer Ar­­quitetos Associados, Boris Madsen Cunha: o tamanho enorme dos lotes herdados das grandes indústrias e galpões. "Isso, somado aos incentivos construtivos a partir de 2 mil metros quadrados, estimula a construção de grandes condomínios que serão verdadeiros enclaves (uma pequena área dentro de outro território) e podem deixar a Linha Verde com cara de Mar­­­ginal Pinheiros, com pouca circulação de pessoas, insegurança e pobreza de vida urbana". In­­­centivos em escalas menores poderiam solucionar a questão.

Mais uma mãozinha

Novas intervenções que atraíssem as pessoas à Linha Verde, como um Centro de Esporte e Lazer nos moldes da Avenida Arthur Bernardes, no Seminário, ou um novo "Ginásio do Taru­­mã" não estão nos projetos do Ippuc. Segundo o arquiteto Re­­­ginaldo Reinert, a bola está com a iniciativa privada. "O projeto prezava pela conexão de vários bairros, eixos estruturais e espaços que antes não se ligavam, como os parques, e visava preparar o cenário para a iniciativa privada. E isso nós fizemos."

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