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Unicamp aprova adoção de cotas para pessoas trans nos cursos de graduação

Unicamp
Vagas se somarão às já existentes para pretos, pardos e indígenas e foram acertadas em acordo após greve de 2023. (Foto: Thomaz Marostegan/Unicamp / Agência Brasil)

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O Conselho Universitário da Unicamp (Consu) aprovou por unanimidade, nesta terça (1º), a criação de um sistema de reserva de vagas para pessoas trans, travestis e não-binárias nos cursos de graduação, destinada aos vestibulandos que tentarem ingressar pelo Enem. A nova cota se somará às já existentes voltadas a pretos, pardos e indígenas.

A nova política estabelece que cursos com até 30 vagas regulares ofereçam pelo menos uma para essa população, podendo ser regular ou adicional, a critério da unidade acadêmica. Já cursos com 30 ou mais vagas deverão disponibilizar no mínimo duas.

Por outro lado, quando essas vagas não forem adicionais, serão subtraídas da ampla concorrência. “As cotas abrem portas, e a Unicamp já transacionou”, disse Rayan Gabriel Rodrigues, representante discente no Consu.

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De acordo com a Unicamp, o processo seletivo incluirá autodeclaração e um relato de vida, critério já adotado em outras instituições de ensino superior. Esse relato será analisado por uma comissão de verificação para aprovar o ingresso na vaga cotista.

Dados da Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest) aponta que, no vestibular para este ano, 279 candidatos se inscreveram com nome social, e 40 foram convocados, sendo os cursos mais procurados os de Artes Visuais, Ciências Biológicas e Medicina.

A iniciativa foi articulada entre a reitoria da Unicamp e movimentos sociais e discentes e a Reitoria, como parte de um acordo firmado após uma greve em 2023. O professor José Alves Neto, que coordenou o grupo de trabalho para a implantação da cota, classificou a nova política como um “momento histórico” para a instituição.

O grupo destacou que a medida está alinhada às ações afirmativas já implementadas pela Unicamp e à política de direitos humanos. A proposta também se baseia na iniciativa de outras 13 universidades federais ou estaduais que adotam sistemas semelhantes voltados à população trans no ensino superior – entre elas as de Brasília (UnB) e as federais de São Paulo (Unifesp) e Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

Também foi apontado pelo grupo, como motivo para a abertura da cota, o que seria um movimento de discriminação de gênero no Brasil, em que a população trans ainda é subestimada nos dados oficiais e somaria cerca de 3 milhões de pessoas de acordo com uma pesquisa realizada em 2021.

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