A máxima "quem não cola não sai da escola" tem sido levada ao pé da letra por estudantes paranaenses. E não se trata de pequenos papéis escondidos, passados de mão em mão, ou anotações em borrachas. A moda agora é usar aparelhos hi-tech, de última geração, como celulares com câmeras, smartphones e computadores de mão (Palmtops e Pocket PCs). Como resultado, as notas aumentam na mesma medida em que cresce a dificuldade dos professores em descobrir as artimanhas.
Daniel (nome fictício), 22 anos, estudante universitário da área de tecnologia, conta que até pouco tempo ele e os colegas colavam por meio de mensagens de texto enviadas pelos celulares. Mas o esquema foi se aperfeiçoando e até isso virou um método arcaico. "Com as mensagens conseguíamos colar apenas poucas questões", conta.
Para buscar melhores resultados, os estudantes passaram a utilizar celulares com câmeras embutidas. Em um descuido do professor, eles tiram uma foto da prova e a enviam para um colega fora da sala de aula, que resolvia as questões. Em alguns minutos, os estudantes recebem a prova pronta. "É fácil. Precisa apertar apenas três botões: para tirar foto, enviar e receber. Se precisar de zoom, aperta-se um quarto botão", revela.
Com a chegada da tecnologia bluetooth, as transferências de dados entre celulares ficaram ainda melhores. "Antes as mensagens viviam dando erro. Com o bluetooth, a transmissão ficou mais segura e não tem custo nenhum", explica o também estudante universitário Luís (nome fictício), 21 anos, outro adepto das colas eletrônicas.
A tecnologia também fez com que os computadores se tornassem artigo de bolso, cabendo na palma da mão: Palmtops e Pocket PCs. Com as mesmas funções de um computador normal, os aparelhos de mão obrigam os estudantes a preparar a cola com antecedência, pois, em alguns casos, não há como conectar-se à internet na hora do teste. Os estudantes passaram a colocar um livro inteiro em um arquivo dentro de um computador que cabe na palma da mão. "Os meus colegas colocam o livro no Palmtop e selecionam as páginas em que há a matéria que provavelmente vai cair na prova", explica Daniel.
Se para completar o método da cola com os computadores de mão faltava acesso à internet, o problema está sendo resolvido pelas próprias universidades. "Agora, em cada corredor da faculdade há um dispositivo para conexão wi-fi (internet sem fio)", diz Luís. Com isso, os computadores de mão tornaram-se amigos inseparáveis de alguns estudantes. "Fica ainda mais fácil. Os alunos se conectam à internet por seus celulares, Palmtops, Pocket PCs, notebooks e derivados, e procuram respostas para as provas", diz Daniel.
A convergência de tecnologia em um mesmo aparelho também tem ajudado os "coleiros" de plantão. Aparelhos celulares com máquinas digitais embutidas e configurações de computadores, os chamados "smartphones", são as vedetes do momento entre os estudantes adeptos da cola eletrônica. "É ótimo ter todas as funções em um aparelho", opina Daniel. "E cada um desenvolve sua técnica para utilizar os aparelhos da forma que lhe convém na hora da prova", acrescenta Luís.



