
O governo estadual, por meio da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), vai repassar R$ 64 milhões à Urbanização de Curitiba (Urbs) entre maio deste ano e maio de 2013 para cobrir os custos das 105 linhas de ônibus metropolitanos integrantes da Rede Integrada de Transportes (RIT) da capital. O convênio entre as duas instituições foi assinado pelo governador Beto Richa (PSDB) no último dia 7 e já está em vigor. O dinheiro extra vai subsidiar o sistema e evitar o déficit de caixa que a Urbs enfrenta, pelo menos, desde 2008 (veja ao lado). A previsão é de que o "furo" neste ano no Fundo de Urbanização de Curitiba (FUC), administrado pela Urbs, chegue a R$ 58,7 milhões.
>>VÍDEO: Especialista analisa alternativas para manter passagem barata
O prejuízo na operação do transporte coletivo acontece porque a Urbs cobra a passagem de ônibus abaixo da chamada tarifa técnica, o valor calculado para equilibrar a despesa com a receita. Em 2012, por exemplo, o custo da tarifa técnica seria de R$ 2,79, mas a prefeitura de Curitiba definiu em março a cobrança de R$ 2,60 dos passageiros. Em média, um prejuízo de R$ 0,19 por usuário.
Parte das capitais das regiões Sul e Sudeste do país enfrenta o mesmo problema de déficit, com o desafio de manter uma tarifa barata e, ao mesmo tempo, aumentar o valor arrecadado pelo sistema para fazer frente ao crescimento das despesas, como mão de obra, combustíveis e novos veículos.
Apesar de os acordos anteriores entre a Comec e a Urbs para a operação das linhas metropolitanas já preverem o repasse de dinheiro, a transferência nunca havia se concretizado. "O governador [Richa] já sentiu na pele ter de absorver [como prefeito de Curitiba] as despesas dos passageiros de outras cidades", afirmou o diretor de Transportes da Urbs, Antônio Carlos Araújo, ao explicar o fator determinante para o acordo.
Ele disse que as linhas metropolitanas são menores em quantidade, quilômetros percorridos e número de carros quando comparadas ao transporte público de Curitiba. Mas, como há menos passageiros, a parte metropolitana da RIT tem uma arrecadação menor proporcionalmente. Por isso, se a tarifa fosse separada, os passageiros de Curitiba pagariam os mesmos R$ 2,60, mas sem gerar prejuízo. Já os metropolitanos teriam uma tarifa de R$ 3,58.
A integração equilibra estes valores e mantém um preço acessível mesmo para quem mora nas cidades ao redor da capital. "Nós consideramos o transporte metropolitano como um equipamento social", justifica o coordenador da Comec, Rui Hara.
O professor Garrone Reck, do Departamento de Transporte do Setor de Tecnologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), considera "natural" o auxílio financeiro do poder público para o sistema. "O transporte coletivo necessita de subsídio para não onerar aquele que pega o ônibus todos os dias e mais contribui para a mobilidade urbana, deixando o carro e a moto em casa".
Hara explica que o convênio tem duração de um ano, porque a Comec espera lançar até julho o edital de licitação das linhas metropolitanas. Além da provável redução dos custos com a abertura de concorrência, ele diz que está sendo estudada a criação de um Fundo Metropolitano de Transporte, que faria a complementação financeira para a Urbs.
Vida e Cidadania | 3:13
A Comec vai repasse de R$ 64 milhões a Urbs para complementar a arrecadação do sistema de ônibus, que historicamente tem prejuízo. O professor do Departamento de Transporte da UFPR, Garrone Reck, analisa as alternativas para manter uma passagem barata.



