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pesquisa científica

Uso de beagles em laboratórios causa protesto

Abaixo-assinado on-line pede ao governo do Paraná que cães não sirvam mais como cobaias de experimentos na Universidade Estadual de Maringá

Cães da raça beagle são preferidos pelos cientistas por serem dóceis, o que facilitaria o trabalho científico | Shannon Stapleton/Reuters
Cães da raça beagle são preferidos pelos cientistas por serem dóceis, o que facilitaria o trabalho científico (Foto: Shannon Stapleton/Reuters)

Cachorros da raça beagle estão entre os mais usados em pesquisas científicas da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no Noroeste do Paraná. Embora a prática seja autorizada pela Lei n.º 93, de 2008, e pelo Decreto 6.899, de 2009, o assunto gera polêmica. Na internet, um abaixo-assinado elaborado em julho deste ano pede ao governo estadual que proíba o uso de cães como cobaias na UEM. Ao todo, o documento já soma mil assinaturas.A presidente do Comitê de Conduta Ética no Uso de Ani­mais em Experimentação (Ceae) e responsável pelo Biotério Central da UEM, Vânia Antu­nes, não concedeu entrevista à reportagem. No entanto, a assessoria de imprensa da instituição explicou que o uso de beagles depende quase que exclusivamente dos pesquisadores. São eles que escolhem o animal mais adequado ao trabalho que vão realizar.

Segundo a assessoria, um dos cursos que mais faz pesquisas com animais é o de Medicina. Para o uso de cobaias, o projeto da experiência tem de passar antes pelo crivo do Ceae e também da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PPG), que se­­gue as diretrizes da lei e do de­­creto que abordam o tema. O Biotério Central oferece ao professor o animal escolhido para o trabalho.

Revolta virtual

O abaixo-assinado que circula pela internet tem uma carta de apresentação assinada pela pesquisadora Angela Lamas Ro­­drigues, doutora em Letras. Nela, a autora diz que a instituição escolhe beagles para experiências científicas pelo fato de que "sua doçura torna mais fácil o manuseio [do animal durante o trabalho]". Angela reconhece que a prática obedece às diretrizes nacionais, mas questiona a postura ética.

"Os beagles reproduzidos e manuseados no Biotério e nos laboratórios da UEM não podem, obviamente, se defender ou mesmo protestar contra os experimentos ou a favor de sua vida [sic]. Dessa forma, o que se apresenta não é uma conduta ética, mas um exercício de poder do forte contra o fraco, que se encontra submisso e dominado", argumenta Angela, no texto de apresentação do documento.

Segundo ela, os beagles são criados na UEM. A assessoria de imprensa, no entanto, não confirmou essa informação. Em geral, as experiências visam à descoberta de medicamentos e procedimentos na área de saúde. Durante as pesquisas, muitos animais têm de ser sacrificados. De acordo com a legislação vi­­gente, a morte tem de ser a me­­nos dolorosa possível.

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