
Com 15 dias de funcionamento, o atendimento do Serviço de Assistência à Saúde (SAS) pelo Hospital São Vicente vem sendo alvo de reclamações. A instituição ganhou em fevereiro licitação para assumir o serviço até então prestado pelo Hospital Evangélico, referente ao atendimento de 113.405 servidores de Curitiba, região metropolitana e litoral. Para isso, o São Vicente teve de firmar parcerias com outras seis unidades médicas. A transição ocorreu de abril para maio.
O agendamento de consultas, que funciona por meio do 0800-600-2244, de segunda à sexta, das 7 às 19 horas, é o ponto mais complicado. Agendas de especialidades como ortopedia, pediatria e oftalmologia estão "fechadas" até 1º de julho. Quem precisa de atendimento urgente de um especialista enfrenta dificuldades. A atendente informa que não é possível escolher um médico e que a consulta é marcada com a equipe daquela especialidade. Quando tentam marcar consultas pessoalmente, os pacientes são empurrados do centro de atendimento da Rua Doutor Roberto Barrozo, nas Mercês, para a sede do São Vicente, na Rua Vicente Machado, e vice-versa.
Na quinta-feira havia muita confusão de pessoas sem saber para onde se dirigir na sede do hospital e sem conseguir uma consulta com um especialista. Esse era o caso do técnico administrativo Marcelo Augusto Santos Rigler e da professora Maria Angélica Braga Carraro.
Rigler sofreu um trauma no joelho após uma queda, em março. Recebeu atendimento no Evangélico e foi orientado a consultar um especialista em joelho. "Só consegui voltar ao hospital 15 dias depois." O médico disse que a solução era cirúrgica, mas que não operaria mais pelo SAS devido à proximidade da transição do convênio para o São Vicente. Ele conseguiu uma consulta na ortopedia para o dia 22 de junho. Na quarta-feira, conseguiu ser atendido por um especialista em joelho, mas não consegue marcar o retorno.
A professora Maria Angélica está com um hérnia de disco inflamada há 15 dias. "Já fui duas vezes no centro de atendimento da Roberto Barrozo, mas quando chego lá me mandam para o São Vicente."
O Hospital São Vicente informa, por meio de sua assessoria de imprensa, que todo paciente deve ir primeiro a um clínico geral para ser encaminhado para uma consulta com um especialista, que deve ser marcada na Roberto Barrozo. O encaminhamento para um especialista também pode ser feito por um médico da emergência. No caso da professora Maria Angélica, o clínico geral fez um prontuário, mas não disse que ela deveria levar a carta para a Roberto Barrozo.
Quanto ao atendimento por um mesmo médico, o diretor do Departamento de Assistência à Saúde da Secretaria da Administração e da Previdência, Eduardo Mischiatti, diz que isso não é necessário, já que o prontuário do paciente é eletrônico e pode ser acessado por outro médico da mesma especialidade.
Demanda reprimida
O Hospital São Vicente disse que recebeu uma demanda reprimida de pacientes do Evangélico e que isso estaria causando a demora nas consultas. Segundo a assessoria de imprensa do Evangélico, essa demanda surgiu ainda em março, quando vários usuários procuraram adiantar a consulta com medo de como seria a transição. Isso foi repassado para o São Vicente e o obrigou a contratar novos funcionários, entre atendentes, médicos (foram anunciados 350 em abril) e enfermeiros. A instituição não quis informar quantos são esses novos funcionários e nem qual é a demanda do SAS que o hospital está atendendo.
Segundo Mischiatti, o tempo de espera para consultas, que pode ser de mais de 60 dias, está dentro dos prazos contratuais. "Se o beneficiário do SAS encontrar qualquer dificuldade, deve nos comunicar pelo 0800-41-3738."



