
Rio de Janeiro A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) está longe de neutralizar suas emissões de gases de efeito estufa, mas seu projeto de plantar 346 milhões de árvores até 2010, associado ao programa de apadrinhamento de três bilhões de árvores ao redor do mundo, representa um estoque de gás carbônico de 1,160 bilhão de toneladas de CO2 captado da atmosfera. O benefício será obtido ao longo de 21 anos, mas, apesar disso, esse já é o projeto de preservação ambiental privado mais ousado da América Latina. Até agora, esse posto cabia ao Bradesco, que tem no seu planejamento a previsão de plantar 20,5 milhões de árvores até 2009.
A segunda maior mineradora do mundo, dona de uma produção de 246 milhões de toneladas de minério de ferro, em 2006, vai espalhar árvores pelo Brasil numa área equivalente a 300 mil hectares, o que corresponde a 2,5 vezes o tamanho do Rio de Janeiro. E, também, pelo mundo, na França, na Nova Caledônia (colônia francesa localizada na Oceania, a meio caminho entre Austrália e Nova Zelândia) e no Canadá.
As mudas vão sair dos viveiros da própria empresa, que ficam em Linhares (ES) e em Canaã (AM). Seu banco de mudas soma 55 milhões de espécies da Mata Atlântica e outras 800, da Floresta Amazônica.
Só o Rio de Janeiro, onde está instalada a sede da empresa, vai receber 100 milhões de mudas, e parte delas já começou a ser semeada na Ilha Grande, na região Sul Fluminense. Lá, a Vale uniu-se ao Instituto Estadual de Florestas (IEF) para recuperar esse paraíso ecológico ameaçado pelo turismo predatório e pela degradação ambiental, comentou o engenheiro florestal Ciro Ribeiro, responsável pelo reflorestamento da ilha. Mais um milhão de espécies, também da Mata Atlântica, foi doado ao governo do estado do Rio e será plantado às margens do Guandu, ajudando a recuperar a mata ciliar. "Para o senso comum, a mineração é, por essência, uma atividade prejudicial ao meio ambiente. Só que é possível conjugar mineração com proteção ambiental", defende o diretor-executivo de Meio Ambiente da empresa, Walter Cover, comentando que a prova é Carajás a maior reserva de minério de ferro a céu aberto do mundo, no Pará onde a preservação está restrita ao entorno da mineradora.
Apesar do esforço concentrado para atuar de forma menos agressiva no meio ambiente, a Vale emitiu, em 2005,10,8 milhões de toneladas de CO2. As emissões da Inco canadense, recém-adquirida pela Vale, não estão incluídas nesse cálculo. É um volume bem abaixo da concorrência. As emissões da gigante BHP Billiton chegaram a 51 milhões de toneladas de CO2, em 2006. A distância abissal entre as duas primeiras do ranking está no fato de a Billiton também atuar na área de exploração de petróleo. Já a brasileira Rio Tinto, emitiu em 2006, 28,3 milhões de toneladas de CO2.



