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Vandalismo no Cemitério Municipal

Grupo de jovens vestidos de preto seria responsável por invasão e por quebra de estátua; prefeitura diz que Guarda Municipal voltará em março

A administradora do cemitério, Virgínia Bressan, avalia os estragos: estátua italiana da década de 1930 teve a cabeça roubada | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
A administradora do cemitério, Virgínia Bressan, avalia os estragos: estátua italiana da década de 1930 teve a cabeça roubada (Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo)

Casos de vandalismo no Cemitério São Francisco de Paula, no bairro São Francisco, em Curitiba, vêm preocupando a administração municipal. Somente no último domingo foram duas ocorrências: em uma delas, uma escultura em mármore, datada de 1930 e de origem italiana, foi derrubada, o pescoço quebrado e a cabeça roubada; mais adiante, um túmulo teve a placa de metal lateral quebrada para facilitar a entrada no mausoléu.

Segundo a administradora do cemitério, Virgínia Bressan, a situação piorou nos últimos dois anos, quando a Guarda Municipal deixou de permanecer no local. No ano passado foram quatro casos significativos de vandalismo no Cemitério Municipal, como é mais conhecido. O custo dos reparos fica a cargo da família proprietária do túmulo violado, já que o cemitério, por ser público, não cobra taxa de manutenção.

Dos quatro cemitérios municipais em Curitiba, dois, nos bairros Água Verde e Boqueirão, mantêm equipes de guardas, em dois turnos. A partir de hoje, segundo a prefeitura, o efetivo do cemitério do Santa Cândida deverá retornar ao local, que passou por uma reforma. A previsão para o São Francisco de Paula é que os guardas retornem até o início de março. Até lá a ronda continuará sendo feita por uma viatura, em volta do quarteirão.

Góticos

Pessoas que circulam ou trabalham no cemitério dizem que os responsáveis pelas depredações são grupos de adolescentes e jovens que frequentam o cemitério de sexta-feira a domingo, sempre depois das 18 horas. Segundo a florista Maria Ferreira da Silva, 64 anos, há 15 no local, grupos de até 80 pessoas vão ao cemitérios nos domingos. Estão sempre vestidos de preto, com maquiagem branca e vermelha que simulam lágrimas de sangue. Outros usam roupas rasgadas e cabelos espetados. "Eles vêm aqui para dançar, beber e fazer baderna. Parecem urubus e dão muito medo", conta dona Maria, que resolveu fechar a pequena lojinha de flores a partir das 18 horas nos domingos. Segundo ela, há casos de pessoas que preferem fechar as portas das capelas durante velórios à noite e só retornam na manhã seguinte.

O responsável pela limpeza do cemitério, José Gabriel Grochoski, 56 anos, conta que garrafas de bebidas – entre vinho, vodka e uísque – são encontradas nas manhãs de sábado, domingo e segunda-feira. Ele é o primeiro a abrir os cinco portões, por volta das 6h45 e disse que já encontrou pessoas dormindo no local. "Nesses dias, pode contar que tem túmulos quebrados porque a noite foi movimentada", afirma. Segun­do a administradora Virgínia Bressan, nessas ocasiões é comum encontrar cruzes caídas ou trocadas de lugar, tampas de túmulos abertas e lápides quebradas. "O cemitério serve também de motel e local para casamentos alternativos", conta.

Já o funcionário público Marcelo Luis Alves dos Santos, 36 anos, não acredita que os grupos vestidos de preto sejam os principais responsáveis pelo vandalismo. Segundo ele, muitos estudantes vão ao cemitério para beber e fogem por cima dos muros quando são surpreendidos. Ex-integrante de uma tribo que tem o costume de frequentar locais escuros e silenciosos, a estagiária Jéssica Furtado, 18 anos, já usou o cemitério como local de leitura, por causa do silêncio. Atualmente, costuma atravessar o local cinco vezes por dia, por causa do trabalho, e diz que já viu alguns membros do grupo que ficam ao redor dos túmulos, segundo ela apenas conversando.

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