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O Vaticano oficializou a excomunhão do padre Roberto Francisco Daniel, 49, conhecido como padre Beto, de Bauru (a 329 km de São Paulo). O processo de excomunhão começou em abril do ano passado após o padre declarar em entrevistas apoio a homossexuais e a questionar dogmas da igreja.

A decisão da excomunhão foi publicada no site da Diocese de Bauru, neste sábado (15). O texto é assinado pelo padre Tiago Wenceslau, juiz instrutor para as "matérias reservadas a Sé Apostólica".

Antes da excomunhão pedida pela Diocese de Bauru, o ex-reverendo havia decidido pedir um afastamento temporário de suas funções. Isso ocorreu depois que o bispo de Bauru, Dom Caetano Ferrari, 70, determinou uma retratação por causa de entrevistas em que o religioso falava sobre a possibilidade de amor entre pessoas do mesmo sexo, inclusive por parte de bissexuais que mantêm casamentos heterossexuais.

O bispo também determinou que as declarações fossem retiradas do site YouTube e das redes sociais. Em abril do ano passado, o padre anunciou seu "desligamento do exercício dos ministérios sacerdotais" em entrevista coletiva no salão de festas do prédio onde mora.

As declarações do reverendo provocaram reações contraditórias de católicos tradicionais que não aceitaram sua postura e de outros que apoiaram. Na missa de despedida do padre, fiéis lotaram a igreja e dias depois cerca de 300 pessoas fizeram uma passeata de protesto contra a excomunhão do padre.

À época, questionado sobre a decisão da excomunhão, o padre se disse "honrado em pertencer à lista de muitas pessoas humanas que foram assassinadas e queimadas vivas por pensarem e buscarem o conhecimento".

No comunicado divulgado neste sábado, a igreja informa que o padre incorreu em "canônica gravíssima" ao desobedecer os dogmas da igreja e ao seu legítimo superior eclesiástico, apesar de repetidas advertências.

Segundo o documento, a causa da excomunhão não foi uma punição imposta pelo bispo ou papa, mas "o reverendo padre incorreu de modo livre e consciente nessa pena".Com a excomunhão, padre Beto não pode participar de nenhuma cerimônia do culto católico, celebrar ou receber sacramentos -não pode mais batizar ou ser batizado, casar-se ou realizar um casamento, confessar-se ou ouvir confissões, por exemplo-, nem exercer cargos eclesiásticos.

No comunicado divulgado pela Diocese, os fiéis são alertados que todos os matrimônios celebrados pelo sacerdotes, após a declaração da pena, são inválidos.

Como membro desligado da Igreja Católica, o reverendo também não recebe mais os benefícios dos cargos que tenha exercido, como pensão.

No final do texto do documento, a igreja pede para todos os cristãos católicos rezarem para que "ilumine a todos, sobretudo, ao referido sacerdote para que tenha a coragem da humildade sabendo pedir perdão e se reconciliando com a Igreja que o acolheu e lhe concedeu o sacerdócio ministerial".

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