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Tragédia na Amazônia

Velório e enterros mobilizam 40 mil

Agência Nacional de Aviação Civil fará investigação para ver se sobrepreso causou acidente com avião. Apuração pode durar seis meses

Vinte e dois corpos foram enterrados ontem no município de Coari: apenas familiares e amigos próximos tiveram acesso ao cemitério. | Eledilson Colares/A Crítica/AE
Vinte e dois corpos foram enterrados ontem no município de Coari: apenas familiares e amigos próximos tiveram acesso ao cemitério. (Foto: Eledilson Colares/A Crítica/AE)

O município de Coari (AM) parou ontem para acompanhar o velório e o enterro de 22 das 24 vítimas do acidente com o avião que caiu na Amazônia, no sábado. A Polícia Militar estima que, desde o fim da tarde de domingo, quando os corpos chegaram ao aeroporto do município, cerca de 40 mil pessoas se dirigiram aos dois ginásios onde ocorreram os velórios. O município tem, segundo o IBGE, 65 mil habitantes.

A prefeitura de Coari decretou luto oficial de três dias e considerou o dia de ontem como feriado. Somente familiares e amigos próximos, identificados com uma faixa de luto na camiseta, podiam entrar no cemitério. A polícia teve de isolar uma área perto do local.

Todo o efetivo da Polícia Militar em Coari – de 20 homens – foi deslocado para o velório e o enterro. No ginásio Geraldo Grangeiro, 21 corpos foram velados. A prefeitura dividiu o local em núcleos familiares, onde amigos e curiosos tiveram acesso aos caixões por meio de corredores improvisados. A fila para chegar ao ginásio, segundo a Polícia Militar, chegou a 6 quilômetros.

No mesmo ginásio foi montado um ambulatório com seis leitos. Uma equipe com três médicos, dois psicólogos, quatro assistentes sociais e enfermeiros fazia plantão no local. Ao menos duas pessoas passaram mal e foram atendidas.

O corpo do co-piloto Danilson Cirino Ayres da Silva, de 23 anos, foi velado em um outro ginásio da cidade. O corpo do piloto César Leonel Grieger, 47, foi enterrado em Manaus; e o da secretária municipal da Saúde, Joelma Aguiar, foi velado em Manacapuru (AM).

"Jamais aconteceu uma tragédia como essa na história do município. Estamos em comoção. Todo mundo conhecia as vítimas’’, disse o secretário da Casa Civil, Daniel Maciel.

O Bandeirante PT-SEA caiu na tarde de sábado com 28 pessoas a bordo. O avião havia sido fretado por um grupo de familiares para ir de Coari a Manaus, onde participariam de uma festa de aniversário. Depois de 50 minutos de voo, no entanto, o avião apresentou problemas: uma das duas hélices deixou de funcionar. O piloto ainda tentou voltar a Coari, mas a aeronave acabou caindo no rio. Apenas quatro passageiros sobreviveram.

Investigação

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) abriu um processo administrativo para averiguar em que condições de segurança operacional a Manaus Aerotáxi operava o Bandeirante. A investigação pode levar seis meses.

A Manaus Aerotáxi tem cadastradas na Anac seis aeronaves: dois modelos Turbo Commander, dois Bandeirantes (além da aeronave que caiu) e um Xingu que aguarda liberação do Certificado de Aeronavegabilidade.

A empresa opera desde 2003 e não havia registrado, até sábado, nenhum acidente. A auditoria mais recente da Anac na empresa ocorreu em novembro de 2008 e não foram constatadas irregularidades que comprometessem as operações, segundo a agência.

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