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Investigação

Venda de sentenças é investigada desde 2004 no PR

PF não confirma força-tarefa no Estado

Brasília – A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) investigam desde 2004 indícios da venda de sentenças judiciais favoráveis a donos de casas de bingo no Paraná. A notícia chegou ontem ao secretário estadual de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, durante visita ao diretor-geral da PF, Paulo Lacerda. Delazari esteve na capital federal para entregar a Lacerda uma série de documentos levantados nos últimos quatro anos pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE) sobre o assunto.

O secretário sugeriu a realização de uma força-tarefa para investigar as irregularidades. "A idéia é fazer uma compatibilização das informações que eles têm com o que nós temos", afirmou. A iniciativa seria um desdobramento da Operação Furacão deflagrada há três semanas, e reuniria a polícia civil paranaense, a inteligência da PF de Brasília e a superintendência da PF no Paraná.

As 500 páginas do material encaminhado a Lacerda são um histórico das liminares que permitiram o funcionamento de casas de bingo no Paraná desde 2003. "Repassamos os nomes de todas as estruturas que envolveram essas liminares, desde as pessoas que realizaram os pedidos aos juízes que expediram decisões", disse.

Segundo o secretário, Lacerda mostrou-se "muito interessado" na parceria. O coordenador de comunicação social da PF em Brasília, François René, não confirmou se a força-tarefa será realmente realizada. Também não comentou detalhes das investigações feitas pela PF no Paraná. De acordo com Delazari, as irregularidades envolviam manobras para que empresas paranaenses fossem associadas a bingos de outros estados.

Com isso, o julgamento das liminares que permitiam o funcionamento das casas de bingo, proibido no estado pelo governador Roberto Requião (PMDB) em 2003, ocorria fora do Paraná. As vendas de sentenças, garante o secretário, atingiriam juízes e dos Tribunais Regionais Federais do Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. "Eram ações inexplicáveis", citou. Pelo que teria sido apurado pela PF, não havia qualquer formalismo jurídico nessas associações.

"Todas as informações batem com as nossas, seguem o mesmo caminho do que nós tínhamos investigado". Delazari destacou que nos últimos dias tem sido procurado por várias testemunhas de supostos esquemas de venda de sentenças, o que também deve ajudar nas investigações.

Ele prefere, por enquanto, não citar nomes de juízes ou demais pessoas envolvidas. O único lembrado até agora é o do desembargador Ricardo Regueira, do Tribuna Regional Federal (TRF) da 2.ª Região, preso na Operação Furacão, responsável por autorizar o funcionamento de duas casas de bingo no ano passado no Paraná.

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