
Desde o início da Operação Viva o Verão, quando as equipes do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Sanepar e Força Verde da Polícia Militar reforçaram a fiscalização, 55 proprietários de imóveis no Litoral foram notificados por ligações irregulares de esgoto. Se a situação não é regularizada em 10 dias, o esgoto pode ser lacrado e o proprietário do imóvel pode ser multado, conforme a lei ambiental, em valores a partir de R$ 500. Só na última temporada, 119 imóveis tiveram as tubulações lacradas.
Estimativa da Sanepar aponta que cerca de 2 mil imóveis podem estar com o esgoto irregular em Matinhos, Guaratuba, Guaraqueçaba, Pontal do Paraná e Morretes. De acordo com a companhia de saneamento, há outros 2 mil imóveis que não foram vistoriados ao longo do ano e que podem estar despejando dejetos no mar, rios, galerias pluviais e canais de drenagem. "Nosso principal objetivo não é punir e sim conscientizar as pessoas sobre a importância de regularizar esgotos e fossas, o que pode ser feito com as orientações da Sanepar", diz o gerente da Sanepar no Litoral, Romilson Gonçalves.
O secretário estadual de Meio Ambiente, Rasca Rodrigues, explica que um dos grandes problemas do esgoto irregular é que os dejetos sem tratamentos geralmente são escoados para o mar ou rios, o que interfere diretamente nas condições de balneabilidade. "O esgoto irregular é um dos fatores que mais comprometem a balneabilidade de nossas praias. Por isso os proprietários de imóveis devem ter consciência e fazer a ligação corretamente", aponta o secretário.
Nos dias de chuva, explica Rasca, a contribuição dos dejetos sem tratamentos para a poluição do mar e rios é ainda maior. "Há muitas fossas inadequadas e que não foram desativadas corretamente. Quando chove muito, a água da chuva acaba levando essa sujeira para o mar, prejudicando a balneabilidade", argumenta.
Doenças
Além de comprometer o meio ambiente, o esgoto irregular estimula a proliferação de uma série de moléstias, lembra o médico infectologista e consultor do Ministério da Saúde José Luiz de Andrade Neto. "Ao entrar em contato com esse esgoto, o veranista corre o risco de contrair infecções bacterianas, doenças de pele, parasitoses intestinais e hepatites", diz o médico, que destaca a importância de a população frequentar apenas as faixas de praia consideradas próprias para banho.
União para sair da fossa
Para o analista de projetos aposentado Lourival Antônio da Rosa, 54 anos, e mais 19 vizinhos, esta será a primeira temporada sem incômodos como vazamentos, entupimentos e mau cheiro provocados pelas fossas sépticas. A rede de esgoto da Sanepar passava pela quadra de Rosa, no bairro Nereidas, em Guaratuba, mas não entrava na rua. Foi preciso muita mobilização para que eles conseguissem obter recentemente uma ampliação da rede.
Ao longo do ano, junto com os vizinhos Perci Berbetz e José Luiz de Castro, Rosa se articulou com os demais moradores, para que todos dividissem os custos da ampliação. O empenho valeu a pena, garante o aposentado, que reside em Joinville (SC), mas passa os verões em Guaratuba há 30 anos. "É verdade que hoje gastamos um pouco mais", diz, referindo-se às 10 parcelas de R$ 20 que contraiu, mais o acréscimo de 80% no consumo de água. "Em compensação, não temos mais os problemas de antes, como os vazamentos e a dificuldade para dar descarga, e ainda contribuímos com a limpeza da praia."
Para quem continua usando fossas sépticas, o gerente da Sanepar no Litoral Romílson Gonçalves alerta para que os veranistas contratem apenas o serviço de caminhões limpa-fossa credenciados pelo IAP, os quais recebem um adesivo de identificação. Caminhões ilegais, segundo ele, em vez de descartarem os dejetos em postos da Sanepar, despejam a sujeira no meio ambiente.
Serviço: Para tirar dúvidas sobre a ligação de esgoto, ligue para o telefone 115 da Sanepar. Quem teve o sistema lacrado, deve procurar a sede da Sanepar do município onde está o imóvel. Denúncias de ligações irregulares de esgoto podem ser feitas ao IAP e à Força Verde pelos telefone 0800 643 0304.



