
Matinhos - Por um minuto, os pais se distraem, a criança decide brincar um pouco mais longe e pronto: no meio de tanta gente, todos os guarda-sóis parecem da mesma cor e todas as crianças do mesmo tamanho. Mesmo que o desespero só dure alguns minutos, apenas a ideia de ter o filho perdido na praia é suficiente para deixar os pais mais do que preocupados. "Não quero nem correr esse risco. Ontem mesmo vi uma menina que se perdeu e logo depois foi encontrada pela família", diz a dentista Cláudia Arima, mãe de Anna Mei Arima, 2 anos, que não deixa a menina sem a pulseira de identificação no braço. "A pulseira está até gasta", relata Cláudia.
Segundo o Corpo de Bombeiros, até ontem o número de casos de crianças perdidas nas praias do Litoral era de 147. "A maior parte ocorre em praias movimentadas. Todas essas crianças foram encontradas depois, algumas mais rapidamente, outras não", afirma o tenente Leonardo Mendes dos Santos, relações públicas do Corpo de Bombeiros.
Os números não são considerados alarmantes pelas autoridades. Isso porque até agora a temporada teve movimento 20% superior em relação ao ano passado. "Vieram mais veranistas e os casos não aumentaram na mesma proporção. Nós já vínhamos fazendo trabalho preventivo durante os últimos anos e isso ajudou", explica o major Antonio Zanatta Neto, da Comunicação Social da Polícia Militar. Segundo a PM, o trabalho de prevenção seria o principal motivo da diminuição expressiva de casos no mesmo período do ano passado o número era de 245, quase cem a mais.
Minimizando os riscos
Além de campanhas informativas, uma das principais estratégias da PM e Corpo de Bombeiros é distribuir pulseiras de identificação que levam o nome da criança e contato dos pais telefone eendereço. "A pulseira não previne que a criança se perca, mas ajuda que a ser encontrada. Mesmo assim, elas não diminuem a responsabilidade dos pais, que devem manter vigilância constante", diz Santos.
Até agora foram 20 mil pulseiras e colares distribuídos. Até o final da temporada, serão 180 mil. "Tivemos de solicitar mais. No verão passado foram distribuídas 20 mil. Este ano muitos pais pediram, até as crianças pedem", aponta o tenente.
Ao dificultar que a criança fique longe dos pais por muito tempo, o acessório acaba evitando exposição a alguns riscos. "Ela pode entrar na água sem estar sendo observada e se afogar. Pode também sair da praia, ir para as ruas e sofrer um atropelamento. Até os 10 anos a criança precisa de um adulto por perto", comenta Alessandra Françóia, coordenadora do programa de formação de mobilizadores da ONG Criança Segura.
O casal Antônio Alves Neto e Jamile Maluf, pais de Yasmim Maluf Alves, 3 anos, passarão a adotar a pulseira. "É muito importante que ela esteja identificada com a pulseira. Assim ficamos mais tranquilos", diz o pai de Yasmim.



