Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Capa

Tamanco e fandango no pé

No Litoral paranaense, o carnaval também é celebrado com muito fandango. Bailes com música e dança típica caiçara são opções para quem quiser fugir do comum durante os festejos de Momo

 | Jonathan Campos / Gazeta do Povo
(Foto: Jonathan Campos / Gazeta do Povo)
Integrantes da orquestra do grupo Pés de Ouro, da Ilha de Valadares |

1 de 2

Integrantes da orquestra do grupo Pés de Ouro, da Ilha de Valadares

Saiba um pouco mais sobre o universo do fandango, sua origem e costumes |

2 de 2

Saiba um pouco mais sobre o universo do fandango, sua origem e costumes

Em vez de pandeiro, adufe. Em vez de cavaco, rabeca. Em vez de samba no pé, tamancos e fandango. No Litoral do Paraná, muita gente prefere passar um carnaval diferente, curtindo os dias de folia à base da mais típica manifestação cultural caiçara. Em Paranaguá, por exemplo, a partir das 22 horas de hoje, bailes gratuitos de fandango devem lotar o Mercado do Café até segunda-feira. Assim como na Vila do Superagui, em Guaraqueçaba, onde a festa acontece tradicionalmente no Bar Akdov até a terça-feira de carnaval.

Para quem ainda não sabe o que é uma noitada de fandango, regada a doses de mãe-com-a-filha (pinga com melado) ou cataia (pinga curtida com a folha dessa planta), o mestre fandangueiro Romão Costa garante: "É o baile mais animado que existe. A música e a dança não param", diz ele, que aos 81 anos lidera um dos grupos que se apresentam na noite de segunda-feira no Mercado do Café.

Segundo Costa, o encontro de gerações é uma das características mais marcantes do baile de fandango, que reúne tanto veteranos quanto jovens e crianças. O estudante Paulo Henrique Soares, 16 anos, morador da Ilha dos Valadares, em Paranaguá, é desses que pretendem aproveitar todas as noites de festa. No domingo, inclusive, estará mostrando suas habilidades na batida dos tamancos com o grupo Pés de Ouro, do qual faz parte. "Baile de fandango para mim é tão divertido quanto os de forró, funk ou eletrohouse, que eu também curto", diz Soares. Mas diferente desses outros bailes, o estudante destaca como o ambiente do fandango mantém um clima de respeito no salão, como há muito não se vê por aí. "Se um cara novo quiser dançar com uma menina e ela estiver acompanhada da avó, por exemplo, primeiro tem que tirar a avó para dançar, para depois tirar a neta."

O ambiente respeitoso não é por acaso, conta o mestre fandangueiro Nemésio Costa, 61 anos, líder do grupo de fandango Pés de Ouro. "O fandango mantém esse clima de sítio, de interior. Afinal ele sempre foi praticado por comunidades pequenas do Litoral", diz Costa, que nasceu em uma delas, às margens do Rio Varadouro em Guaraqueçaba.

Como lembra Romão Costa, que é um dos mestres mais antigos em atividade, o fandango era festa organizada pela comunidade principalmente em celebração a algum trabalho realizado coletivamente. "Na época dos meus avós, todo mundo se juntava em mutirão para plantar e colher mandioca. À noite, após o serviço, era hora de fazer fandango para animar e compensar todo mundo."

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.