
Um fato inédito pode acontecer no Litoral do Paraná nesta temporada. Trata-se do nascimento de tartarugas-de-couro, também conhecidas como tartarugas-gigantes, espécie que está ameaçada de extinção. Os nascimentos podem ocorrer por volta do dia 10 fevereiro. A primeira desova ocorreu no dia 28 de novembro de 2009 no balneário de Barrancos, em Pontal do Paraná. Depois disso, a tartaruga fez mais quatro ninhos em Pontal do Paraná, sendo que a última desova aconteceu dia 6 de janeiro, em Pontal do Sul. E outros cinco ninhos ainda poderão ser confeccionados, uma vez que essa tartaruga sobe até a areia dez vezes por temporada.
De acordo com a bióloga Camila Domit, do Centro de Estudos do Mar (CEM) da Universidade Federal do Paraná, essa mesma tartaruga já havia desovado no Litoral do Paraná em 2007, mas naquela oportunidade os ovos não foram fecundados. "Esses animais têm pintas exclusivas no corpo. Comparamos as fotografias tiradas em 2007 e dessa vez e verificamos que é o mesmo animal", explica Camila. A tartaruga tem 1,49 metro de carapaça, as maiores da espécie chegam a ter 1,8 metro. O monitoramento das tartarugas é feito desde 2007 pelo Laboratório de Ecologia e Conservação de Mamíferos e Tartarugas Marinhas do CEM, em parceria com o Projeto Tamar.
Camila explica que essa tartaruga costuma fazer os ninhos no Litoral norte do Espírito Santo e que não há registro na ciência sobre o nascimento de filhotes da tartaruga-gigante no Litoral do Paraná.
Até o momento existem cinco ninhos e em cada um podem ter sido desovados até cem ovos, mas não é possível saber se todos foram fecundados. "Podem nascer 500 tartarugas como também pode não nascer nenhuma", diz Camila. Os biólogos já constataram que em três ninhos existem ovos, entretanto eles não mexeram nos ninhos porque isso poderia destruí-lo ou modificar a estrutura feita pelo animal. "A tartaruga faz o ninho deixando as condições ideais para o nascimento dos filhotes, como por exemplo a quantidade de oxigênio correta. Por isso fazemos o acompanhamento sem mexer nos ninhos", destaca a bióloga. Os estudiosos do Laboratório de Ecologia e Conservação do CEM medem a temperatura do ninho às 6 e às 18 horas desde o dia 28 de novembro e o trabalho deve ir, ao menos, até 10 de fevereiro. Para que os machos nasçam a temperatura tem que estar entre 27 e 31 graus, já as fêmeas necessitam de temperaturas acima de 31 graus. A temperatura do Litoral tem ficado entre 28 e 29 graus.
Outros três ovos foram depositados na areia de Pontal do Paraná, mas estavam fora do ninho. Eles foram recolhidos e abertos para estudo, conforme determina o protocolo do Projeto Tamar.



