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Transação

Turistas recorrem a câmbio paralelo

Sem estabelecimentos autorizados pelo Banco Central, estrangeiros têm dificuldade em trocar dólares no Litoral

A cada troca no câmbio paralelo de Matinhos, argentino Nelson Veas Oyarzo sai perdendo | Giuliano Gomes/Gazeta do Povo
A cada troca no câmbio paralelo de Matinhos, argentino Nelson Veas Oyarzo sai perdendo (Foto: Giuliano Gomes/Gazeta do Povo)

Matinhos - Turistas estrangeiros que frequentam as praias paranaenses são obrigados a recorrer ao câmbio paralelo para conseguir trocar dólar ou outras moedas por real. Tudo porque não existem casas de câmbio no Litoral. Dessa forma, veranistas estrangeiros, principalmente paraguaios e argentinos, são forçados a recorrer a bancas de revistas, imobiliárias, lojas e outros tipos de comércio para trocar dólares, sempre abaixo da cotação.

Um dos que sofreu para conseguir reais foi o argentino Nelson Veas Oyarzo, 55 anos. Presidente da Associação de Usuários e Consumidores da Província de Corrientes, por ironia o veranista teve dificuldades para consumir em Caiobá. "Pela estrutura da cidade, deveria ter uma casa de câmbio. Ou é necessário que o governo busque uma forma de atender o turista", reivindica.

Oyarzo conta que chegou a ir a Paranaguá para trocar o dinheiro, mas no município também não há casas de câmbio autorizadas pelo Banco Central (BC). Sem opção, o argentino aceitou trocar seus dólares por um preço inferior no comércio de Matinhos. "Já vendi por R$ 2,10, mas o melhor preço que encontrei foi R$ 2,22", explica. Ontem, a cotação do dólar era de aproximadamente R$ 2,37. O câmbio paralelo praticado no comércio de Matinhos paga entre R$ 2 e R$ 2,25 por dólar – entre 15,6 e 5% a menos do que a cotação. Segundo a assessoria de imprensa do BC, o Banco do Brasil supriria essa necessidade, porém a unidade de Matinhos não faz câmbio.

De acordo com o delegado Igor de Paula, chefe da Delegacia de Repressão aos Crimes Financeiros da Polícia Federal (PF), quem pratica o câmbio sem autorização do BC pode estar infringindo a lei. "Trocar moeda uma vez não é crime. Agora, se o sujeito troca com frequência e tem lucro, ele é caracterizado como cambista e, se não estiver autorizado pelo Banco Central, a ação é ilegal", explica, referindo-se ao artigo 16 da Lei 7.492.

O delegado ainda explica que o contraventor é quem tira proveito do negócio e não o estrangeiro que faz a troca. A pena é de um a quatro anos de reclusão, além de multa.

Mesmo assim os comerciantes não se intimidam em operar no câmbio paralelo. O funcionário de uma imobiliária confirma que faz o negócio. "A polícia não pode me prender porque não é crime e sim contravenção", argumenta. Argumento rechaçado pelo delegado da PF. "É crime sim e pode dar cadeia".

Secretaria

O secretário estadual de Turismo, Celso Caron, diz que casas de câmbio têm custo muito alto de manutenção e o número de negócios no Litoral com moedas estrangeiras não compensa. Mesmo assim, diante do aumento do número de turistas estrangeiros no Litoral do Paraná, o secretário concorda que algo deve ser feito. "Pretendo me reunir com representantes do Banco do Brasil e mostrar que nosso Litoral precisa de uma agência que faça estas transações para a próxima temporada", promete.

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