
O governo federal vai destinar R$ 752 milhões para o ensino superior no Paraná em 2007. O valor será dividido entre a Universidade Federal do Paraná (UFPR), que irá receber R$ 591 milhões, e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), que conta com uma previsão orçamentária de R$ 161 milhões. A previsão inicial de investimento é 8% superior ao que foi repassado em 2006 e 40% maior em relação a 2005.
Apesar do crescimento, justificado pela criação da UTFPR e pelo aumento no número de cursos, câmpus e alunos da UFPR, o Paraná continua recebendo, na proporção por habitante, bem menos que seus vizinhos da Região Sul. Na média, o Ministério da Educação (MEC) repassa ao estado R$ 0,05 por habitante. O Rio Grande do Sul recebe R$ 0,13, e Santa Catarina, R$ 0,08.
Para o senador Flávio Arns (PT), os números mostram a falta de coordenação entre os diversos níveis da sociedade paranaense. "Todos saem perdendo e, para reverter este quadro, seria necessário um diálogo independente de partido, independentemente de ser governo ou oposição. Não temos essa união", afirma.
Segundo Arns, o investimento no ensino superior se tornou uma espécie de círculo vicioso no Paraná. "Não tivemos um grande aporte de recursos federais e, por conta disso, passamos a investir em universidades estaduais e esquecemos de cobrar recursos do governo federal", diz.
Para o senador, o Paraná não precisaria ter várias instituições de ensino mantidas pelo governo federal, como tem o Rio Grande do Sul. "O que é importante é a regionalização da nossa federal. A UFPR deveria ter câmpus em várias cidades do estado."
Respiro
Comparações à parte, para o pró-reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças da UFPR, Paulo Yamamoto, a atual situação financeira da Universidade Federal do Paraná é de tranqüilidade. "Quando o professor Moreira (Carlos Moreira, reitor da UFPR) assumiu, a universidade vivia um momento difícil economicamente." O momento díficil a qual se refere Yamamoto envolvia dívidas com fornecedores, com a Copel e com Sanepar. "A conta não fechava", explica.
O aumento dos repasses por parte do MEC e uma política interna de contenção de gastos ajudaram a reverter o quadro. "Com a colaboração de alunos, professores e funcionários passamos a economizar."
O aperto no fim do ano passou, e a previsão do pró-reitor é de que, pagas todas as despesas com pessoal na casa dos R$ 540 milhões e as de custeio e manutenção estimadas em cerca de R$ 50 milhões , sobre dinheiro para alguns investimentos. "Tivemos por muito tempo uma demanda bem reprimida. Agora já podemos pensar em comprar equipamentos para laboratórios, podemos promover algumas melhorias", diz Yamamoto.
Outro recurso importante para estas melhorias vem da chamada verba própria da universidade. Por meio de parcerias, programas de pesquisas com governo estadual, empresas estatais e privadas, a universidade pretende arrecadar R$11,6 milhões em 2007.
Os atuais planos da UFPR, porém, exigem ainda mais recursos. Hoje a universidade é a terceira do Brasil em número de alunos, tem crescido acima da média das demais e planeja expadir-se pelo estado. "O MEC tem um plano de desenvolvimento, de expansão para as federais. Estamos estudando isso internamente. Vamos ver onde e como vamos aumentar nossa atuação. Aí vamos precisar de mais repasses."
Segundo o pró-reitor de Planejamento e Administração da UTFPR, Vílson Ongaratto, a situação também se normalizou há cerca de cinco anos. "No antigo Cefet era chegar em dezembro e a gente ter de se virar para pagar fornecedores. Hoje isso não ocorre. No fim do ano temos um pouco de dinheiro para investimentos."



