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Obra inacabada

Viaduto do Contorno Leste vira símbolo do desperdício

Enquanto Dnit e Comec divergem, estrutura está se deteriorando

Um viaduto construído há quase dez anos no Contorno Leste, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, que "liga nada a lugar algum", virou o símbolo do desperdício nas rodovias federais no estado. A obra consumiu R$ 805.347,80 do extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), valor dos gastos no ano de 1998, sem juros e correção monetária. No entanto, o viaduto nunca foi usado porque está suspenso, sem as alças de acessos, por falta de aterro nas suas entradas. Pior: foi construído num ponto isolado, sem ruas secundárias.

Segundo o projeto inicial, a obra serviria para ligar a cinqüentenária Estrada da Roseira, que foi cortada com a construção do Contorno Leste. Ela dá acesso à chácara Beka, do deputado federal Abelardo Lupion, entre outras propriedades. Mas uma alteração no projeto o deslocou cerca de 50 metros da Estrada da Roseira. O pedido seria da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), no governo Jaime Lerner, segundo informações do Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes), sucessor do DNER.

De acordo com o Dnit, a Comec se comprometeu a terminar o viaduto, fazer os aterros e construir uma nova via entre o Distrito Indus-trial da Renault e a Avenida Rui Barbosa, em São José dos Pinhais. A Comec nega as informações, jogando a responsabilidade da conclusão da obra para o Dnit. Diante da polêmica, a reportagem da Gazeta do Povo foi à região.

Segundo comerciantes, o projeto do viaduto, que inclui a Via Expressa das Torres, não foi adiante porque o traçado passa por dentro da chácara do empresário Atilano de Oms Sobrinho, da Inepar, um pinheiral (reserva com cerca de 500 pinheiros) e do Cemitério Parque Senhor Bonfim. A via ligaria o distrito da Renault à Avenida Rui Barbosa. Mas a explicação não é oficial. O Tribunal de Contas da União (TCU), fiscal das obras inacabadas, informou que não tem conhecimento do viaduto abandonado no Contorno Leste.

Nem o deputado federal Abelardo Lupion, dono da chácara Beka, sabe informar a razão do desperdício de quase R$ 1 milhão. "Faço questão de fazer um pedido de informações para ver o que aconteceu. Tem de ver quem foi indenizado", disse. Há comentários de que a obra está condenada, segundo o comerciante Félix Stocco.

Mas o viaduto tem alguma utilidade. Tornou-se o ponto de trabalho de Loreni de Fátima Moreira, que usa o lugar para vender pinhão entre os meses de março e agosto. "Tá certo que eu preciso dele para vender o meu pinhão, mas o dinheiro do viaduto daria para fazer escolas, creches e postos de saúde aqui na região", diz a "Loira do Pinhão".

Mas a principal obra rodoviária parada no estado é o Contorno de Foz do Iguaçu. Há indícios de superfaturamento. A obra custaria hoje R$ 140 milhões, mas o Dnit concordou que o valor não passaria de R$ 110 milhões. Até agora foram gastos R$ 300 mil. As obras incluem construção, pavimentação e supervisão da interligação das rodovias BR-277 e BR-469. Ela é oriunda de um convênio feito há seis anos entre o DNER e a prefeitura. O Dnit tinha a intenção de aproveitar a licitação feita pela prefeitura em 2005, mas uma decisão do plenário do TCU suspendeu os trabalhos.

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