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8,6% das obras do Paraná estão paralisadas

De acordo com levantamento feito pela Secretaria Estadual de Obras, em março deste ano haviam 76 obras paradas no Paraná, ou seja, 8,6% das 866 existentes em todo o estado. O balanço foi feito a pedido do ex-secretário da pasta, Marcelo Almeida, no momento em que estava prestes a deixar o cargo para assumir a vaga de deputado federal deixada por Reinholdes Stephanes ao assumir o cargo de ministro da Agricultura no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A análise apontou que as obras estavam paradas porque as construtoras vencedoras das licitações não tinham capacidade técnica e financeira para executá-las. Juntas, elas representavam um investimento de R$ 17,1 milhões, do total de R$ 417 milhões investidos em construções pelo governo estadual. A maioria se concentrava em Curitiba, na região metropolitana da capital e no litoral paranaense.

TCU quer de volta R$ 2,5 mi

O Tribunal de Contas da União (TCU) vai pedir a devolução de R$ 2,5 milhões usados pela prefeitura de Cascavel para recuperar a Bacia do Rio Andrada, na Região Oeste. Segundo informações do TCU, o Ministério do Meio Ambiente repassou o dinheiro da obra em 1999, mas ela foi abandonada quando mudou o prefeito. A União instaurou processo para a devolução dos recursos, que chegou ao TCU em 2005.

Segundo o Tribunal de Contas, a obra foi parcialmente concluída, mas não atingiu o objetivo para o qual foi concebida. O projeto previa a aquisição de bens, computadores, veículos, contratar uma fundação para fazer um estudo e estabelecer uma unidade de gerenciamento ambiental e outras ações ambientais para recuperar o Rio Andrada, e o uso sustentável de bacias hidrográficas junto a comunidades rurais de baixa renda.

A prefeitura de Cascavel foi procurada para comentar as informações do Tribunal. A assessoria de imprensa informou que como a prefeitura ainda não foi notificada pelo TCU, não vai se manifestar sobre o assunto.

Um viaduto construído há quase dez anos no Contorno Leste, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, que "liga nada a lugar algum", virou o símbolo do desperdício nas rodovias federais no estado. A obra consumiu R$ 805.347,80 do extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), valor dos gastos no ano de 1998, sem juros e correção monetária. No entanto, o viaduto nunca foi usado porque está suspenso, sem as alças de acessos, por falta de aterro nas suas entradas. Pior: foi construído num ponto isolado, sem ruas secundárias.

Segundo o projeto inicial, a obra serviria para ligar a cinqüentenária Estrada da Roseira, que foi cortada com a construção do Contorno Leste. Ela dá acesso à chácara Beka, do deputado federal Abelardo Lupion, entre outras propriedades. Mas uma alteração no projeto o deslocou cerca de 50 metros da Estrada da Roseira. O pedido seria da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), no governo Jaime Lerner, segundo informações do Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes), sucessor do DNER.

De acordo com o Dnit, a Comec se comprometeu a terminar o viaduto, fazer os aterros e construir uma nova via entre o Distrito Indus-trial da Renault e a Avenida Rui Barbosa, em São José dos Pinhais. A Comec nega as informações, jogando a responsabilidade da conclusão da obra para o Dnit. Diante da polêmica, a reportagem da Gazeta do Povo foi à região.

Segundo comerciantes, o projeto do viaduto, que inclui a Via Expressa das Torres, não foi adiante porque o traçado passa por dentro da chácara do empresário Atilano de Oms Sobrinho, da Inepar, um pinheiral (reserva com cerca de 500 pinheiros) e do Cemitério Parque Senhor Bonfim. A via ligaria o distrito da Renault à Avenida Rui Barbosa. Mas a explicação não é oficial. O Tribunal de Contas da União (TCU), fiscal das obras inacabadas, informou que não tem conhecimento do viaduto abandonado no Contorno Leste.

Nem o deputado federal Abelardo Lupion, dono da chácara Beka, sabe informar a razão do desperdício de quase R$ 1 milhão. "Faço questão de fazer um pedido de informações para ver o que aconteceu. Tem de ver quem foi indenizado", disse. Há comentários de que a obra está condenada, segundo o comerciante Félix Stocco.

Mas o viaduto tem alguma utilidade. Tornou-se o ponto de trabalho de Loreni de Fátima Moreira, que usa o lugar para vender pinhão entre os meses de março e agosto. "Tá certo que eu preciso dele para vender o meu pinhão, mas o dinheiro do viaduto daria para fazer escolas, creches e postos de saúde aqui na região", diz a "Loira do Pinhão".

Mas a principal obra rodoviária parada no estado é o Contorno de Foz do Iguaçu. Há indícios de superfaturamento. A obra custaria hoje R$ 140 milhões, mas o Dnit concordou que o valor não passaria de R$ 110 milhões. Até agora foram gastos R$ 300 mil. As obras incluem construção, pavimentação e supervisão da interligação das rodovias BR-277 e BR-469. Ela é oriunda de um convênio feito há seis anos entre o DNER e a prefeitura. O Dnit tinha a intenção de aproveitar a licitação feita pela prefeitura em 2005, mas uma decisão do plenário do TCU suspendeu os trabalhos.

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