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Quando se fala em posturas sustentáveis dentro de casa, a primeira – e talvez a única – coisa que vem à cabeça é fazer a separação de resíduos orgânicos e recicláveis. Filtrar o que vai para o aterro e o que será levado por cooperativas é importante, mas dá para fazer mais do que isso em prol do meio ambiente. A comida que sobra no prato, por exemplo, pode virar adubo em uma composteira. Já as embalagens e os restos de móveis, por sua vez, são matéria-prima para novos objetos. Essas e outras soluções práticas ajudam o meio ambiente e ainda por cima trazem um alívio para o seu bolso. Confira:

Supermercado "verde"

Plantar produtos básicos para a salada, em canteiros ou vasos, é um primeiro passo para uma alimentação mais saudável e ambientalmente consciente. Na impossibilidade de produzir em casa tudo o que é consumido pela família, a dica é pensar bem no que colocar no carrinho do supermercado. "Toda embalagem bonita tem um preço embutido. O cereal matinal custa uma fortuna, porque além da caixa de papelão tem um saco plástico. Nas lojas de produto natural, é possível comprar cereais, sementes e castanhas a granel", ensina o coordenador do curso de Ciências Econômicas da PUCPR, Carlos Magno Bittencourt. Comprar embalagens maiores é uma boa prática também, desde que o preço compense. Outra dica é ler embalagens e pesquisar sobre práticas de responsabilidade social das empresas. Além de evitar o desperdício, congelando produtos e reaproveitando alimentos, é fundamental avaliar o que já está no armário. "Será que, de fato, vou utilizar tudo isso que estou comprando? Será que não tenho condições de comprar menos? Quanto sobra de cada coisa no fim do mês?", questiona Marlos Hardt, professor da PUCPR.

Lixo vira adubo

Restos de comida, cascas de frutas e folhas danificadas de hortaliças são lixo, certo? Errado. Em uma composteira, esse tipo de resíduo orgânico se transforma em um excelente adubo para hortas caseiras. E nem é preciso de quintal. "Em uma caixa de plástico, de 1 metro de largura, por 40 centímetros de altura, dá. Você coloca uma camada de restos de comida, uma de terra, uma de restos e, por último, palha de milho, feijão, ou grama seca, para segurar o nitrogênio no composto orgânico", ensina o coordenador estadual de olericultura do Instituto Emater, Iniberto Hamerschmidt. Deixar a composteira exposta ao sol da manhã, mexer com uma pazinha periodicamente e irrigar a cada dois ou três dias também são passos importantes. Em 90 ou 120 dias, dependendo do clima, o adubo já poderá ser usado. "Misture bem 50% de terra preta e 50% de composto orgânico e plante mudas de alface, cebolinha, que podem ser compradas em viveiristas. É importante fazer rotação de cultura entre vasos, nunca plantar a mesma coisa duas vezes seguidas na mesma terra, para evitar pragas", aconselha.

LED vale a pena

Em casas cada vez mais cheias de luzes e aparelhos eletrônicos espalhados por todos os cômodos, reduzir o consumo de energia elétrica pode parecer uma missão impossível. Não é. Segundo o professor Roberto Heinrich, do Departamento de Engenharia Elétrica da UFPR, dá para diminuir a conta de luz no fim do mês sem mudar tanto os hábitos de consumo. "Nas áreas em que mais uso, como escritório e cozinha, troquei três lâmpadas que totalizavam 300 watts por aquelas econômicas, de 75 watts, há alguns anos. Recentemente, substituí por lâmpadas de LED, com a mesma iluminação, mas consumo de 18 watts as três juntas." Com a medida, o custo mensal, que era de R$ 23 no passado, hoje é de apenas R$ 1,50. "As lâmpadas de LED estão chegando no mercado agora e são mais caras, mas duram mais. Fica elas por elas. A economia é na conta de energia." Heinrich aconselha a colocar sensor de presença na lâmpada da garagem, para que não fique a noite toda ligada. Prestar atenção ao tempo de banho, não ficar "pensando" com a porta da geladeira aberta e passar todas as roupas de uma vez são outras medidas que trazem economia.

Renove, reuse, recicle

Resistir ao apelo das embalagens coloridas nas gôndolas é um primeiro – e importante – passo na redução do lixo produzido em casa. Mas não basta. Outro comportamento que precisa virar hábito nas residências antes do descarte é o reúso. É o que defende o professor da PUCPR Marlos Hardt, especialista em arquitetura sustentável. "Antes, ainda, é preciso pensar no material que se está adquirindo. Considerar se o material é sustentável, reciclado ou reciclável, de onde veio, se precisou de transporte, se passou por transformação industrial e qual será sua vida útil e destinação em casa." Como maneiras de reutilizar, Hardt destaca os trabalhos recentes de designers famosos, como os irmãos Campana, que fazem vasos a partir de câmaras de pneus. "As garrafas PET também têm infinitas utilizações em jardins verticais, para fazer vasos ou como luminárias. Embalagens Tetra Pak, de difícil reciclagem, têm uma capacidade de isolamento térmico espetacular e podem ser colocadas abaixo das telhas para minimizar o calor. Móveis velhos podem ser desmontados e virar novos", enumera.

Economia cai do céu

Dinheiro não cai do céu, mas a chuva que escorre sobre o telhado pode ser uma alternativa para reduzir a conta de água. Obrigatório por lei há mais de dez anos em Curitiba, o reaproveitamento de água pluvial é feito por meio de um sistema simples e de fácil manutenção. "É preciso de uma caixa d’água, cujo tamanho deve ser definido em um projetinho, levando em conta a dimensão do terreno e a área de captação, que é o telhado", explica o consultor de meio ambiente do Senai Adilson Luiz de Paula Souza. Se a caixa for enterrada, há necessidade de instalação de uma bomba. Se for posicionada acima do solo, uma torneira resolve. Também é importante instalar um sistema de separação ou filtragem, como uma peneira, para impedir a entrada de matéria orgânica na cisterna. "Essa água, não tão nobre, pode ser utilizada para limpeza de calçada e carro e regar o jardim. Uma avaliação técnica pode apontar a necessidade de adição de água sanitária, para melhorar a qualidade." A água do ciclo de enxágue da roupa também pode ser armazenada no sistema. "A de sabão e amaciante, não, porque começa a cheirar."

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