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Os depoimentos de Douglas Rodrigues e Marlon Janke não sensibilizaram o júri, que os considerou culpados pelo crime | Priscila Forone/Gazeta do Povo
Os depoimentos de Douglas Rodrigues e Marlon Janke não sensibilizaram o júri, que os considerou culpados pelo crime| Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo

Cronologia

A morte de Bruno Coelho demorou mais de dois anos para ser julgado:

2 out 2007 – Bruno sai de casa para assistir a um jogo do Coritiba e desaparece.

9 out – O corpo dele é encontrando em Almirante Tamandaré.

17 out – A polícia prende os vigilantes Marlon Balen Janke, Douglas Rodrigo Sampaio Rodrigues e Eliandro Luiz Marconcini, da empresa Centronic.

17 abr 2008 – Acusados obtêm habeas corpus e são soltos.

3 mai – Justiça ordena prisão dos três. Marconcini foge.

8 jan 2010 – Marconcini é recapturado no litoral do estado.

7 jul – Julgamento é suspenso após a descoberta de que uma das juradas é parente do advogado de defesa de Marlon Janke, Nilton Ribeiro.

26 ago – O julgamento recomeça com os depoimentos de Janke, Rodrigues e testemunhas.

27 ago – No segundo dia, acusação e defesa apresentam seus argumentos finais. Por 4 votos a 3, os réus são condenados.

"Ele morreu na mão de um animal"

Entrevista com Vinícius Coelho, pai de Bruno Strobel Coelho

Leia a matéria completa

Em uma decisão apertada, por quatro votos a três, os ex-vigilantes da empresa de segurança privada Centronic, Marlon Balen Janke, 33 anos, e Douglas Ro­­dri­­­go Sampaio Rodrigues, 29 anos, foram condenados na noite de sábado pelo assassinato do estudante Bruno Strobel Coe­­­lho, cometido em outubro de 2007. Janke foi sentenciado a 23 anos de prisão em regime fechado pelos crimes de homicídio triplicamente qualificado (16 anos); tortura mediante sequestro (três anos e seis meses); ocultação de cadáver (um ano e seis meses); e formação de quadrilha (dois anos). Já Rodrigues recebeu uma pena de 13 anos por homicídio triplicamente qualificado (12 anos) e ocultação de cadáver (um ano). Ainda cabe recurso em ambas as decisões. Os dois réus estão presos desde maio de 2008.

O defensor de Janke, Nilton Ribeiro, afirmou que vai entrar com um recurso para anular o júri, formado por sete pessoas, todos moradores de Almirante Tamandaré, cidade onde foi encontrado o corpo de Bruno. "As defesas dos réus são antagônicas. Por isso o julgamento não deveria ter sido dos dois juntos. A versão de um é diferente do outro, o que gera uma contradição difícil de explicar no plenário. Isso prejudicou as duas defesas".

O pai de Bruno, o jornalista Vinícius Coelho, ficou satisfeito com a pena imposta pelo júri. "Nós vamos tentar restabelecer nosso modo de vida, mas a lembrança do Bruno continua. Só que a Justiça ainda não estará feita. Haverá recursos e tudo mais, mas pelo menos o corpo de jurados demonstrou que soube interpretar muito bem as faltas cometidas".

Antes do retorno dos jurados e da leitura da sentença pela juíza Inês Marchalek Zaperlon, os advogados de acusação Adriano Bretas e Rafael Fabrício de Melo, além do promotor, Marcelo Balzer Correia, abraçaram os pais e familiares de Bruno, avisando-os sobre o resultado. No final, houve aplausos. A mãe de Janke chorou muito quando ouviu a pena.

Dia decisivo

O julgamento durou dois dias. Os debates de sábado foram marcados por muita ironia e discussão entre acusação e defesa. Cerca de 60 pessoas acompanharam o julgamento. O advogado Bretas começou sua explanação pedindo que Deus iluminasse o júri. Chamou os réus de assassinos e defendeu a tese de que o rapaz foi levado no porta-malas do carro da empresa com vida e morto em Almirante Tamandaré.

Bruno estaria pichando o muro de uma clínica no bairro Alto da XV, em Curitiba, quando foi abordado por Janke. Segundo Bretas, alguns laudos apontaram que as inscrições no muro não teriam sido feitas pelo estudante. "Mesmo assim, vamos supor que Bruno fosse pichador, que ele fosse tudo de ruim. Precisava torturar e matar?", indagou. Vídeos da reconstituição do crime e fotos do local foram mostradas. No final, foi exibido um clipe com fotos do estudante desde criança, deixando a família bastante emocionada.

Ribeiro fez uma defesa rápida e alegou que seu cliente não deveria ser condenado por formação de quadrilha. Exibiu um vídeo que seria de Bruno pixando outros muros e leu depoimentos de amigos do estudante, afirmando que ele bebia e usava dro­­­gas. Ribeiro também declarou que o crime não teria mobilizado tanto a opinião pública se Janke tivesse sido morto no trabalho. "Ele é trabalhador, pobre. Ninguém se importaria. Mas como o menino [Bruno] é bonitinho, com pai influente, criado no leite de cabra. Aí a coisa mu­­­da", disse aos jurados.

O advogado de Rodrigues, Cláudio Dalledone Júnior, tentou convencer o júri, sem sucesso de que seu cliente participou somente da ocultação do cadáver e que sua participação foi secundária. Os debates terminaram às 13h15. Após suspensão por uma hora, defesa e acusação tiveram direito à réplica e a tréplica. Depois de mais um intervalo, o júri retornou às 19h10, para leitura da sentença pela juíza. "Felizmente tivemos êxito no final", disse Vinicius Coelho.

Outros acusados

Além de Janke e Rodrigues, ou­­­tros cinco funcionários da Cen­­­­tronic foram denunciados pelo crime e aguardam julgamento. São eles, os vigilantes Eliandro Luiz Marconcini, Roberto Prado Franchi e Emerson Carlos Roika; o operador de alarmes Leônidas Leonel de Souza e o supervisor Ricardo Cordeiro Reysel. Mar­­con­­cini aguarda seu julgamento na prisão.

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