No dia que marca o combate à violência contra a criança e o adolescente no país, órgãos que tratam do assunto divulgaram aumento significativo de denúncias recebidas e jovens atendidos tanto no Paraná quanto nos outros estados brasileiros.
De acordo com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, o Disque Direitos Humanos (Disque 100) recebeu no primeiro quadrimestre deste ano 34.138 denúncias de violência contra essa faixa etária ante 24.120 do mesmo período de 2011 acréscimo de 71%. No Paraná, 1.464 denúncias foram registradas até abril de 2012 um aumento de 84% em relação a 2011.
Essa situação se reflete no aumento da demanda do Hospital Pequeno Príncipe, referência em Curitiba no atendimento de casos de violência infanto-juvenil. No ano passado, 374 crianças e adolescentes foram atendidas no local 12% a mais do que em 2010. Dados se repetem em todo o estado paranaense. Em 2011, dos 5.534 casos de violência doméstica repassados pelos municípios à Secretaria Estadual de Saúde, 43% envolvem crianças ou adolescentes até 17 anos. "Mas muitos casos ainda não são denunciados", diz Jeanny de Oliveira, coordenadora de proteção social na Prefeitura de Curitiba.
O tratamento dos casos de violência doméstica é considerado mais difícil porque geralmente envolve membros familiares. Segundo a Prefeitura, no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) Cristo Rei, 38% das crianças e adolescentes atendidos foram vítimas de agressão do pai ou padrasto.
Além do aspecto familiar, a formação cultural do brasileiro conivente com certos tipos de violência também é vista como uma dificuldade para tratar do assunto. "Porém, hoje não aceitamos mais as agressões", diz Jandicleide Lopes, mestre em psicopatologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
O combate à violência contra a criança e o adolescente é lembrado no dia 18 de maio devido ao assassinato de Araceli, 8 anos, cometido neste dia em 1983 por jovens de classe média de Vitória/ES.
