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Os vizinhos da casa onde um túnel de cerca de 100 metros foi cavado até o cofre de uma empresa de segurança na Vila Jaguara, na Zona Oeste de São Paulo, contaram que escutavam apenas som de música em alto volume e não ouviam barulho que pudesse indicar a escavação de um túnel no local. De acordo com a polícia, no domingo (6), criminosos usaram o túnel para chegar até o cofre da empresa e levaram cerca de R$ 10 milhões. Nenhum funcionário do local percebeu a ação dos suspeitos, que fugiram sem ser vistos.

"Eles ouviam música a manhã toda e uma parte da tarde", contou uma aposentada vizinha ao imóvel onde foi encontrado o túnel. Segundo ela, na quarta-feira (2), seu marido ouviu o barulho de um forte estrondo vindo da praça que fica em frente aos imóveis, mas não desconfiou que se tratava da escavação de um túnel.

Segundo moradores ouvidos pelo G1 nesta segunda-feira (7) na Rua José Mascaro, onde fica o imóvel, um casal morava na casa e uma mulher e um homem frequentavam o local dizendo ser empregada doméstica e pedreiro. Esses supostos funcionários se identificaram para os vizinhos como Fábio e Amanda. "Eles comentaram que a casa estava sendo reformada porque os donos iam receber parentes no Natal", contou a vizinha. "Eles colocaram uma telha preta tapando o quintal e não dava mais para ver nada lá dentro", acrescentou. Segundo ela, desde sexta-feira (4), a casa está fechada e ninguém apareceu no local.

Na quinta-feira (3), a aposentada e o marido pediram ao suposto pedreiro uma ferramenta para cortar azulejo emprestada. Segundo Marta, o pedreiro disse que não tinha a ferramenta, mas entrou na casa da vizinha, juntamente com a mulher que se identificava como Amanda, para ajudar a cortar o azulejo. Como os vizinhos tiveram um melhor contato visual com os suspeitos, a polícia levou o marido da mulher para a delegacia na tentativa de fazer um retrato falado dos suspeitos na tarde desta segunda-feira, segundo informou a aposentada.

De acordo com a vizinhança, o casal que supostamente morava no local era discreto, pouco aparecia na rua e não tinha atitudes suspeitas. Eles passaram a morar na via em meados deste ano, segundo os vizinhos, após o imóvel ser vendido por R$ 150 mil. O terreno tem uma casa com dois quartos, sala e cozinha na frente, um banheiro no quintal e uma outra casa menor nos fundos. Segundo os policiais que entraram no local, o túnel foi cavado a partir de um dos cômodos da casa de trás.

O homem que vivia no local, segundo relatos, era alto, forte e aparentava ter entre 40 e 50 anos. A mulher aparentava ter cerca de 35 anos e geralmente saía de casa vestida de branco, o que fez os vizinhos pensarem que ela era enfermeira. "Eles sempre andavam bem vestidos e nunca ouvi nada estranho lá", comentou um funcionário público aposentado, que mora a poucos metros de onde fica o imóvel.

Uma dona de casa que mora duas casas depois da residência onde ficavam os suspeitos contou que o homem saía diariamente de casa por volta das 7h, como se fosse trabalhar. "Ele saía umas 7h, no mesmo horário que meu marido ia trabalhar, e voltava à tarde. Ele chegava, abria o portão e colocava o carro na garagem de ré", relatou. Segundo ela, o carro era um utilitário, de cor prata e os vidros tinham película escura.

Os vizinhos dizem que não viam se o homem carregava ferramentas ou outros equipamentos no carro, mas acreditam que ele estacionava o carro de ré para facilitar a retirada de materiais do veículo, pois a janela de um dos quartos da casa é voltada para a garagem.

Investigação

A Polícia Civil esteve na manhã dessa segunda-feira no imóvel e retirou vários equipamentos que, provavelmente, foram utilizados na escavação do túnel. Entre os materiais havia um equipamento que serve para compactar terra, cordas e cinco estruturas de ferro com quatro rodinhas embaixo que poderiam ser usadas para transportar a terra retirada do solo.

A frente da casa aparentava ser uma residência normal, com luzes pisca-pisca penduradas na fachada, cinco vasos com plantas, um pinheiro de Natal e uma casinha de cachorro.

Na Transnacional Transporte de Valores e Segurança Patrimonial Ltda, ninguém quis comentar o furto. Um vigilante que atendeu a reportagem pelo interfone disse que ninguém ia se pronunciar. O funcionário que estava trabalhando no momento em que os ladrões entraram no local não estava na empresa nesta segunda.

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