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Curitiba

Vizinhos rejeitam projeto de prédio de 32 andares no Centro

Entidade criada para embargar a obra quer preservar a paisagem e valorizar a praça

Há três meses, oito pessoas criaram a Associação dos Moradores e Amigos do Centro Tradicional e Histórico de Curitiba. A entidade nem teve tempo de nascer juridicamente e já tem pela frente uma encrenca de 32 andares. Os participantes são os vizinhos inconformados do futuro Edifício Central Park, que há um mês mandaram ofício à prefeitura e ao Ministério Público Estadual (MPE) pedindo o embargo da obra para fazer do terreno uma extensão da Praça General Osório. A resposta ainda não chegou.

A associação, criada para este fim, quer a intervenção do município antes que o prédio vá além das fundações. É preciso correr, pois 75% dos 253 apartamentos já foram vendidos, feito notável no mercado imobiliário. Pela proposta dos reclamantes, a prefeitura poderia declarar a utilidade pública do terreno e devolver à Investpark Empreendimentos Imobiliários os R$ 3,466 milhões pagos à antiga proprietária, a Fundação dos Economiários Federais. Para o arquiteto e urbanista Nilso Rafagnin, idealizador da entidade, é uma oportunidade única de se preservar um dos últimos remanescentes de áreas vazias na região central de Curitiba.

A proposta bate de frente com o programa Centro Vivo, criado pela Associação Comercial do Paraná para revitalizar a região. Para o hoteleiro e ex-presidente do conselho gestor do programa, Jonel Chede, não se pode barrar a evolução urbanística. O edifício, diz ele, será um novo marco da área central, valorizando as propriedades do entorno. Será o primeiro grande investimento imobiliário do Centro em dez anos e, acredita-se, poderá reverter o curioso fenômeno que o coloca na contramão do restante da cidade. Segundo o Censo-2000, o Centro perde 2,33% da população por ano, contra um crescimento de 1,83% da média curitibana.

O apelo desenvolvimentista não convence os síndicos do Edifício Gemini A, Zeno Wierzbicki, e do Edifício Provedor André de Barros, Zakaria Ali Samad. Fundadores da Associação de Moradores, eles argumentam que a obra comprometerá o meio ambiente do entorno e cobrirá a visão dos vizinhos. Para não ficar só no pedido de embargo, propõem instalar no Cine Plaza um projeto já batizado de Centro Histórico-Cultural Integrado de Cinema, Vídeo e Outros Sistemas de Multimídia. Para eles, a nova torre aumentará o fluxo de carros e pessoas, a poluição sonora e atmosférica.

Rafagnin acredita que um prédio deste tamanho exige um estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV), definido no Estatuto das Cidades (lei federal de 2001). O EIV deve contemplar os efeitos positivos e negativos sobre a qualidade de vida da população local. "A comunidade não foi ouvida", lamenta. Ele considera uma agressão à paisagem urbana, pois o futuro edifício poderá ser visto do outro extremo do calçadão da Rua XV. "Afetará todo o visual nesta região histórica da capital", lembra.

O projeto exigiu um trabalho de engenharia para atender às leis municipais. O terreno, de 1,8 mil metros quadrados, tem um dos lados para o calçadão da Rua Comendador Araújo, o que limita a obra a cinco pavimentos. Por isso, a frente do prédio ficará na Rua Vicente Machado, enquadrada no zoneamento central, sem limite de altura para edificações. Essas adaptações garantiram à Investpark a aprovação do projeto no Conselho Municipal de Urbanismo, formado pelas secretarias de Governo, Urbanismo e Meio Ambiente, pela Procuradoria Geral do Município, pela Urbs e pelo Ippuc (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba).

O gerente de vendas do Central Park Residence, Gilberto Nascimento, não vê nada que impeça a obra. "Está tudo dentro da lei", resume. O pedido de embargo seria uma "causa pessoal" de quem está prestes a perder a vista privilegiada para a praça. E simplifica a discussão: "Eles também cobriram a visão dos moradores do prédio de trás". Nascimento tranqüiliza quem já comprou ou pretende comprar apartamento. O Central Park terá um mirante com vista em 360 graus, espelhos d'água, paisagismo, piscina, sauna, sala para massagem, academia de ginástica, espaço gourmet, forno para pizza, cyberhome, sala de reuniões, lounge, spa churrasqueira.

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