
Muitos órgãos públicos reclamam da falta de pessoal, que os impediria de melhorar o atendimento da população. Sindicatos de servidores cobram das autoridades a realização de mais concursos para preencher as vagas abertas por quem se aposentou ou para atender à demanda da sociedade. Enquanto isso existe um batalhão de funcionários públicos que não trabalham nos órgãos para os quais prestaram concurso e foram aprovados. São os servidores "cedidos" de uma esfera governamental para outra uma espécie de troca-troca de mão-de-obra destinada principalmente para preencher funções de chefia e de indicação política no poder público.
No Paraná, a cessão de funcionários de um órgão público para outro é muito comum, principalmente entre as várias esferas do Poder Executivo. Somente a Universidade Federal do Paraná (UFPR), o governo do estado e a prefeitura de Curitiba os três maiores orçamentos públicos do estado têm juntos 595 pessoas emprestadas para outros órgãos.
O governo do estado é dentre os três, o que tem o maior número de disposições funcionais para outros órgãos. São 439 servidores estaduais cedidos. Boa parte, 88 funcionários, está emprestada para prefeituras. Outros 19 funcionários estão cedidos para o governo federal.
A prefeitura de Curitiba tem 145 funcionários à disposição de outros órgãos. Dos 145 "emprestados" por Curitiba, 85 trabalham em outras prefeituras do estado. Porém, Curitiba também "emprestou" servidores: dentro da administração municipal da capital, 50 pessoas de outros órgãos públicos estão prestando serviço à prefeitura. Vinte e dois vieram do governo do estado.
Já a Universidade Federal do Paraná (UFPR) tem hoje 11 funcionários e professores trabalhando em outros órgãos públicos. Outros 15 servidores estaduais estão prestando algum tipo de serviço para a universidade.
A cessão de funcionários entre órgãos público é permitida por leis federal e estadual que regem o serviço público. Há critérios, porém. Os servidores devem ser cedidos apenas para cargos em comissão (normalmente de indicação política) ou para função de confiança. Por essa razão, dentre os "emprestados" estão diversos dirigentes do governo do estado e da prefeitura (veja infográfico). Os secretários estaduais Maurício Requião (da Educação) e Nizan Pereira (de Assuntos Estratégicos), por exemplo, são, de origem, professores da UFPR. O presidente da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), Rafael Greca, é funcionário do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), órgão da prefeitura.



