
A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) divulgou ontem que 64% dos candidatos a prefeito e vice-prefeito com "ficha suja" na Justiça não conseguiram se eleger no primeiro turno das eleições municipais. Segundo a AMB, só 45 (36%) dos 125 fichas-sujas venceram as eleições ou ainda disputam o segundo turno.
O levantamento foi divulgado ontem pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Carlos Ayres Britto, e pelo presidente da AMB, Mozart Valadares. Os dois apresentaram o resultado da campanha Eleições Limpas, realizada no primeiro turno das eleições municipais.
Britto disse que houve uma "elevação" na consciência dos eleitores sobre a escolha dos candidatos. "O eleitor se tornou mais criterioso. Os ganhos políticos de educação política chegaram ao eleitor, porque a campanha pela vida pregressa do candidato, ou seja, para conhecimento da vida pregressa do candidato, deu certo, de ponta a ponta do Brasil. É possível comprovar que o eleitor se interessou por esse tema", afirmou o presidente do TSE.
O presidente do TSE admitiu, porém, que em alguns municípios foram eleitos no primeiro turno candidatos "reconhecidamente desqualificados", com processos na Justiça. Mas disse que a maioria dos eleitores soube separar os bons dos maus políticos. "Pior seria se não houvéssemos desencadeado essa campanha alertando o eleitor para o seu direito e seu dever de se interar da biografia de cada candidato como condição de voto, tanto esclarecido como consciente."
Britto voltou a defender a proibição para que candidatos com ficha suja na Justiça disputem as eleições (ele foi voto vencido no julgamento do tema no Supremo Tribunal Federal, corte da qual também faz parte). "No corpo social, a idéia continua germinada", disse ele.
Antes do primeiro turno, a AMB divulgou listas com nomes de candidatos que respondem a processos penais públicos e de improbidade administrativa. A divulgação da lista provocou polêmica entre candidatos que respondem a processos, contrário à revelação dos nomes de políticos que têm ações na Justiça.
Em agosto, o STF (Supremo Tribunal Federal) rejeitou ação da AMB para proibir candidatos com "ficha suja" de concorrerem nas eleições. Na ação, a AMB pedia que condenados pela Justiça em qualquer instância mesmo que os processos não tenham sido julgados em definitivo pudessem se tornar inelegíveis.



