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Cidadania

A história política do Brasil virou best-seller

Obras literárias de sucesso tratam de aspectos históricos que envolvem a política brasileira; vendas crescem perto das eleições e em fim de mandato

Safra de livros que tratam da história do Brasil emplacou vários títulos nas listas dos mais vendidos | Marcelo Andrade / Gazeta do Povo
Safra de livros que tratam da história do Brasil emplacou vários títulos nas listas dos mais vendidos (Foto: Marcelo Andrade / Gazeta do Povo)

As editoras e os leitores brasileiros parecem estar cada vez mais interessados na história política do Brasil. O mercado editorial sempre teve espaço para livros que contam a formação política do país mas, há cerca de dois anos, vê-se que surgiu toda uma nova safra de obras do gênero, que tem aumentado suas vendas. Títulos que remetem a anos marcantes para a história ganham os mostruários das livrarias e permanecem por tempo inusitado nas listas de mais vendidos.

O fim de um mandato presidencial, a proximidade das eleições e as datas "comemorativas" – como os 50 anos do golpe militar, em março deste ano – costumam ser os principais propulsores deste tipo de livro. O que parece ter funcionado como um fator extra para o crescimento no interesse, porém, é a forma como os fatos passaram a ser apresentados. Nos últimos 15 anos, muitos autores de outras áreas escreveram sobre a história e sobre os eventos políticos com um texto agradável para o público leigo.

"Vemos que muitas dessas obras recentes trazem essas informações sobre história e política em linguagem mais acessível. Eles são elaborados com base em uma preocupação com o leitor que não tem formação acadêmica mas que se interessa pela área", comenta Wilson Maske, professor de história contemporânea da PUCPR. Assim, livros que tratam da história e da política do Brasil desde o descobrimento conquistam os leitores: obras de autores como Eduardo Bueno, Laurentino Gomes, Zuenir Ventura e Pedro Doria estão em destaque nas prateleiras.

Viagem do Descobri­mento, Saga dos Primeiros Colonizadores, 1565, 1789, 1808, 1822, 1889, 1930, 1964, 1968 e até as obras sobre as manifestações de junho de 2013 ajudam a entender a formação do país e os meandros da política. "Todas essas obras fazem análise do contexto, e é interessante colocar isso a disposição do leitor comum. Esse movimento de acesso aos livros que tratam de história é bastante favorável para a formação desse leitor. Quem está mais instruído sobre a formação da política brasileira tem chances de ser um cidadão melhor", comenta Maske.

"Caiu no gosto"

Contar a história de uma forma lúdica parece ser um bom jeito de chamar a atenção do público. "Sempre houve interesse por obras históricas e políticas, mas nos últimos anos vemos que elas são apresentadas sem o ranço da academia. Os novos autores tiraram da história aquela camada que a separava do grande público", comenta Ivan Pinheiro Machado, editor da L&PM.

Desde A Grande Viagem do Descobrimento, de Eduardo Bueno, os autores passaram a se interessar mais por contar fatos pitorescos. "Escrever sobre fatos engraçados e informações dos bastidores tornou a leitura mais agradável. Os livros exploram o lado cômico dos personagens", comenta Marcos Pedri, diretor comercial das Livrarias Curitiba.

Ele comemora o sucesso dos livros que tratam da história política, não só pelo volume de vendas. "Vamos aos lançamentos desses livros e vemos um público diversificado. Desde os mais velhos até os mais jovens", comenta.

Datas

"Aniversários" de revoluções e eventos dão origem a debates

Grandes manifestações políticas ficam gravadas na história e costumam virar temas de obras literárias. O mercado editorial já oferece livros que tratam sobre as manifestações de junho de 2013, por exemplo. Em março deste ano, pipocaram nas livrarias novos volumes e reedições de obras mais antigas que tratam do golpe militar de 1964.

"Nessas ‘datas cheias’, é normal que a discussão volte à tona. Isso é importante, nos leva a fazer uma reflexão do nosso passado. Com essa reflexão, podemos fazer um julgamento melhor do presente. Mais do que um ano relevante ou uma data, essas obras lembram o momento histórico e político e nos faz pensar sobre estes temas", diz Wilson Maske, professor de história da PUCPR.

Fases

Há um interesse renovado por essas obras, mas na década de 1930 os romances históricos de Paulo Setubal também eram sucesso de vendas. Nas décadas de 1960 e 1970, o historiador Helio Silva publicou mais de dez títulos contando a história moderna brasileira.

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