O empresário Luiz Abi Antoun, “primo” do governador Beto Richa (PSDB), teria influência na Receita Estadual, a ponto de indicar nomes para ocupar cargos no órgão. A informação é de Marcelo “Tchello” Caramori, ex-assessor da Casa Civil do governo preso em janeiro sob a suspeita de envolvimento num esquema de favorecimento à prostituição de adolescentes.
Caramori afirmou, em depoimento prestado ao Ministério Público, que Abi tinha fundamental importância na estrutura política do estado. Segundo ele, Abi tem um grau de influência no governo.
Outra declaração do ex-assessor explica o episódio em que Abi foi “apagado” de uma foto na qual ele estava dentro do gabinete de Richa. É que Abi se preocupa em não aparecer em fotografias, segundo o depoente.
Abi ficou preso uma semana, até o juiz substituto da 2.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, Márcio José Tokars, conceder habeas corpus a ele, revogando o mandado de prisão preventiva. No seu despacho, Tokars alega que o Ministério Público não conseguiu comprovar a influência de Abi no governo Richa.
Além das prisões que estão sendo revogadas (leia texto acima), o juiz da 3.ª Vara Criminal de Londrina, Juliano Nanúncio, quebrou os sigilos telefônico, telemático (mensagens de texto) e bancário de Abi e dos outros investigados. Um dos argumentos do TJ para liberar os suspeitos é que essas medidas, deferidas pela 3.ª Vara, garantem o andamento das investigações.
As denúncias sobre os fiscais, que são suspeitos de usar uma “tabela” da propina e um “portfólio” da corrupção, são objeto da Operação Publicano, deflagrada na semana passada pelo Gaeco, com o cumprimento de 19 mandados de prisão.
As defesas de Abi e Caramori não quiseram comentar o assunto.
Secretário
O secretário de Estado da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, afirmou nesta terça-feira (24), em entrevista por telefone, que vê indícios de desvio de conduta de agentes da Receita Estadual em Londrina. “Há indícios, tanto é que estamos criando um grupo de trabalho para rever tudo o que esses funcionários fizeram”, afirmou.
Segundo o secretário, o governo abriu um processo de investigação na Corregedoria e já buscou informações no Ministério Público e no Judiciário referentes ao caso para conhecer todas as provas e indícios levantados. “Estamos trabalhando também em cima das informações do auto de busca e apreensão para podermos fazer a nossa própria fiscalização”, disse.
Segundo Costa, a Secretaria da Fazenda tem investigado permanentemente desvios de funcionários, o que seria comprovado pelo fato de que houve 12 demissões nos últimos anos. “Agora, estamos investigando mais 13. O importante é deixar claro que quem cometer desvios vai ser punido”, afirmou.
Colaborou: Rogerio Waldrigues Galindo.



