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Mesmo com a greve e pressão dos professores na porta da Assembleia Legislativa do Paraná, o projeto que propõe mudanças na Paranaprevidência foi aprovado no final desta tarde. O texto final será encaminhado para a sanção do governador Beto Richa.

Logo após o início da sessão, às 14h30, policiais militares soltaram as primeiras bombas de gás lacrimogênio nos professores. De acordo com a APP-Sindicato, entidade que representa os professores, 25 mil profissionais estavam na Praça Nossa Senhora do Salette, no Centro Cívico, para acompanhar a votação. A confusão começou quando os servidores tentarem romper o cerco da Polícia Militar na Assembleia Legislativa. A PM, com 1.600 policiais reagiram com bombas de gás, balas de borracha, cachorros e tanques de água.

Ao todo, 213 pessoas ficaram feridas na manifestação, segundo dados da Prefeitura de Curitiba. Destas, 150 foram atendidas em 12 ambulâncias ainda na praça. Sessenta e três feridos foram encaminhados para hospitais. Dois veículos da Ecco Salva e um da Unimed deram suporte ao serviço. Segundo o governo do estado, 40 pessoas ficaram feridas, entre elas, 20 policiais. Ao todo, sete pessoas foram presas.

Os protestos ocorrem no Legislativo porque os deputados votam, com portas fechadas, o projeto do governo Beto Richa (PSDB) que modifica a previdência dos funcionários públicos estaduais. De acordo com o sindicato servidores, há 20 mil pessoas na manifestação.

Desde o início desta semana, a Assembleia foi cercada por PMs a pedido do governador tucano, que se baseou numa ordem judicial para fazer a votação sem a presença de manifestantes.

A polícia jogou também jatos de água contra os ativistas. Já os manifestantes atiram pedaços de pau e pedras. Parte dos ativistas são professores, que entraram em greve na última segunda (27) contra o projeto.

O prédio da prefeitura, que fica em frente à Assembleia, foi transformada em uma espécie de enfermaria para agilizar o atendimento dos feridos.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, 20 dos feridos são policiais. A PM prendeu dez pessoas –entre eles, há professores e black blocks, segundo a pasta.

O confronto já dura quase três horas. Após o ataque da PM, os manifestantes –entre eles alunos da rede pública–, recuaram, mas continuam ocupando as ruas ao redor do Legislativo.

‘REFÚGIO’

Dos 170 feridos, 35 foram socorridos por ambulâncias do Samu e por guardas civis municipais. Eles foram levados para hospitais e para a UPA matriz. Há também entre eles pessoas que passaram mal com o gás usado pela PM.

Segundo a assessoria da prefeitura, diante do tumulto, as pessoas se refugiaram na prefeitura. O saguão principal está lotado de pessoas ensanguentadas, ainda sob efeito de crise nervosa ou que tiveram algum tipo de ferimento.

Funcionários tentavam acalmar manifestantes, distribuindo água.

Enquanto isso, a sessão está sendo realizada na Assembleia. Foi interrompida por cerca de dez minutos, já que o gás chegou a atingir o plenário da Casa, mas foi retomada, mesmo com o barulho de bombas e gritos do lado de fora.

Também houve confronto nesta terça-feira (28), quando um caminhão de som tentou se aproximar do Legislativo. Na ocasião, a PM reagiu com bombas de gás e spray de pimenta.

A expectativa dos servidores é evitar a aprovação da proposta de Richa.

Com medo de que o prédio do Legislativo fosse invadido, a exemplo do que ocorreu em fevereiro, a gestão Richa montou uma operação de guerra ao redor da Assembleia Legislativa do Paraná para garantir a votação.

Diante da fumaça, foram suspensas as aulas na CMEI Centro Cívico, uma creche infantil para filhos de funcionários, que também fica perto da Assembleia.

Os pais foram convocados a buscar às pressas as crianças. Assustadas, algumas passaram mal e começaram a tossir diante do desconforto com o gás.

SEGURANÇA

Quase 2.000 policiais, segundo apurou a reportagem, participam da operação. Ônibus do batalhão de choque, caminhões dos Bombeiros e até a cavalaria foram convocados para fazer a segurança do prédio.

Do lado de fora, manifestantes carregam cartazes e gritam “retira, retira” e “eu estou na luta”.

Todas as entradas do Legislativo estão cercadas. Os manifestantes foram concentrados em apenas um dos lados do prédio. Entre eles e a entrada da Assembleia, há cerca de 30 metros e duas fileiras de grades.

No início da tarde, comandantes davam ordens à seus batalhões. “O camarada vai derrubar a grade em cima de você. Então, tem que estar preparado para isso”, dizia um deles ao seu batalhão.

Em caso de invasão do perímetro, homens da Rotam e do Bope agirão para dispersar os manifestantes, com escudos, bombas de gás e spray de pimenta. “É tipo aquele filme 300”, explica um policial, em referência ao filme em que 300 soldados de Esparta enfrentam um exército persa com milhares de integrantes.

O batalhão de choque tem dezenas de homens dentro do prédio, preparados para o avanço do grupo, com balas de borracha e escudos.

“Se precisar usar a tonfa [cassetete], é por baixo! Nada de sair girando por cima”, orienta um dos comandantes à tropa de policiais.

PREVIDÊNCIA

Os deputados do Paraná começaram a votar, nesta semana, um projeto que pretende alterar a previdência estadual, aliviando o caixa do governo em R$ 1,7 bilhão ao ano. Em protesto, professores e outras categorias, como agentes penitenciários e servidores da saúde, entraram em greve e têm organizado manifestações em frente à Assembleia desde segunda (27).

A direção da Casa conseguiu uma ordem judicial que proíbe a invasão do plenário, como já ocorreu em fevereiro. A PM diz que está agindo para cumprir a decisão.

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