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Maluf disse que o fato da maioria dos 40 deputados do PP estarem na lista do STF, enquanto seu nome está fora, prova que, ao contrário do que dizem, ele não é corrupto | Divulgação/Gazeta do Povo
Maluf disse que o fato da maioria dos 40 deputados do PP estarem na lista do STF, enquanto seu nome está fora, prova que, ao contrário do que dizem, ele não é corrupto| Foto: Divulgação/Gazeta do Povo

Condenado por improbidade administrativa, acusado de lavagem de dinheiro e procurado internacionalmente pela Interpol por apropriação indébita de dinheiro, o deputado Paulo Maluf (PP-SP) defende que seu partido sofra uma reformulação moral. Ele acha que o atual presidente nacional do partido, senador Ciro Nogueira (PI), deixe o cargo na eleição marcada para abril. O senador é um dos 30 parlamentares do PP que estão na lista de parlamentares que serão investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por desvio de recursos na Petrobras.

“Ciro Nogueira não tem condição moral para ser reeleito presidente do PP. Ele tem que ser afastado da direção do partido. Eu não quero o cargo. Já fui presidente do partido por 20 anos. Carreguei o partido nas costas por 48 anos. Temos bons nomes para o cargo, como a senadora Ana Amélia (RS), o Esperidião Amin (SC) e o Francisco Dornelles (RJ), todos corretos e éticos”, disse Maluf, que agora dá lições de ética dentro do partido, o que mais tem políticos na lista do STF.

Maluf disse que o fato da maioria dos 40 deputados do PP estarem na lista do STF, enquanto seu nome está fora, prova que, ao contrário do que dizem, ele não é corrupto. “Nunca tive envolvimento com malfeitos. Todas as acusações que me fizeram eram falsas. Nunca ninguém mostrou prova de nada. Só porque eu fiz muitas obras, diziam que eu tinha levado alguma coisa, mas na verdade eu fiz obras em todas as 645 cidades paulistas e nunca se provou nada contra mim. Sempre fui correto” afirmou Maluf, que responde a dezenas de ações por corrupção e lavagem de dinheiro.

O deputado diz que sempre se ouviu no PP a informação de que deputados como Pedro Correia, João Pizolatti e José Janene (já falecido) tinham “alguma intimidade” com o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa (um dos delatores do escândalo da Petrobras), que “frequentava a liderança do partido na Câmara”.

“Havia um zum-zum-zum do Paulo Roberto Costa com alguns deputados. Mas enquanto eu fui presidente do partido, até 2003, não havia absolutamente nada. Depois o Pedro Correia assumiu o partido, por ter mais intimidade com o PT, eleito para a presidência em 2002, e agora ficamos sabendo do que realmente acontecia através da delação premiada do Paulo Roberto Costa. Acho que tem que investigar tudo com profundidade”, revelou o deputado, que no passado chegou a ser verbete de dicionário com malufar significando roubar.

Embora defenda que os dirigentes de seu partido sejam afastados, Maluf não acha necessário que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deixem os cargos agora. “Primeiro é preciso que os inquéritos avancem. Se ficar provado alguma coisa contra eles, aí sim eles precisam ser afastados, mas primeiro temos que ver o que vai dar os inquéritos”, opinou.

O ex-prefeito de São Paulo disse que o Petrolão só acontece por causa dos elevados custos das campanhas eleitorais a partir de 2002. “Eu sou do tempo em que isso não existia. Havia contribuições espontâneas. Basta comparar os gastos das campanhas de 1990, 1994 e 1998 com as de 2002, 2006, 2010 e 2014. Agora há uma profusão de contribuições espontâneas entre aspas. Campanhas holiwoodianas. Não é possível que uma empresa doe R$ 100 milhões. São doações suspeitas. É pior do que caixa dois. É toma-lá-dá-cá. As doações vieram num crescendo desde 2002 e viraram um negócio. No meu tempo, campanha se fazia na base da corda vocal, na base do comício”, disse o deputado, para quem “o país precisa combater as causas e não as consequências, realizando uma reforma política que acabe com as campanhas milionárias”.

Maluf explica porque está na lista dos procurados pela Interpol, podendo ser preso caso deixe o Brasil.

”Eu gostaria que o governo brasileiro fizesse por mim o mesmo tipo de esforço que teve para manter o Cesare Battisti aqui. Esse criminoso, condenado na Itália. Na verdade o que acontece é que os Estados Unidos querem minha oitiva sobre uma acusação falsa. Eu sou brasileiro e quero que a oitiva seja feita por um juiz brasileiro. Eu não viajarei a Nova York para ser ouvido lá. Tenho correspondências que troquei com a Interpol. Então não estou fugindo de nada. Só não quero ter que depor nos Estados Unidos. Até os pilotos do Legacy que mataram 159 passageiros da GOL foram ouvidos pela Justiça americana. Então por que eu tenho que depor lá?

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