O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, afirmou nesta quinta-feira (29) que está "magoado, chocado e triste" com o envolvimento do seu ex-braço direito em esquema de corrupção, mas ressaltou que não vê crime na atuação de José Weber Holanda, acusado pela Polícia Federal de influenciar na elaboração de pareceres pela AGU em troca de dinheiro.
O AGU considerou "reprovável" a atitude do ex-assessor de encaminhar um parecer em análise pelo órgão a Paulo Vieira, então diretor da ANA (Agência Nacional de Águas) e, segundo a Polícia Federal, chefe do esquema de corrupção de funcionários públicos em troca de pareceres. "Ele não deveria ter feito isso. Não necessariamente é crime, mas é algo reprovável."
Em uma hora de entrevista coletiva, foi a única crítica do ministro à conduta do ex-assessor. "A rigor, ainda acredito que ele tenha condições de esclarecer. Espero que com esses esclarecimentos ele seja inocentado." As declarações do ministro ocorrem após Arnaldo Godoy, chefe da consultoria, ter acusado a cúpula da AGU de tê-lo usado para assinar um parecer do interesse do esquema. Funcionários do órgão fizeram uma manifestação na porta da agência pedindo "Fora Adams". Godoy repetiu a acusação nesta quinta.
Adams afirmou que não colocou o cargo à disposição porque não considera ser responsável pela conduta do assessor. "Nem a presidente Dilma pediu."Ele reconheceu, no entanto, que o episódio abalou as relações com o Planalto. "É uma situação difícil e requer toda a atenção possível. A presidente pediu que eu apurasse." Adams teria, ainda hoje, um encontro com a presidente.
O AGU minimizou o peso da atuação do seu ex-braço direito na AGU. "Ele só dava encaminhamento a solicitações e manifestações. Ele não despachava pareceres comigo. Quem despachava pareceres comigo eram os chefes das consultorias e os advogados, então, as petições, os processos disciplinares, todos, cada setor tem uma chefia."
