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Flávio D'Urso, advogado dos fundadores da Igreja Renascer, Sonia e Estevam Hernandes, se disse surpreso com a nova audiência dos bispos marcada para agosto nos Estados Unidos. Ele acreditava que o casal fosse liberado da prisão domiciliar e do monitoramento eletrônico depois do acordo fechado na última quarta-feira com a Procuradoria.

Nesta sexta-feira, Sonia e Estevam Hernandes confessaram à Justiça americana terem entrado com US$ 56 mil no país sem declarar à alfândega e o crime de conspiração, por terem agido em conjunto. A sentença sai apenas em 17 de agosto. Com a confissão, o casal quer evitar um júri popular e tentar reduzir a pena, que para os dois crimes pode chegar a 10 anos de cadeia.

O casal confessou o crime três vezes Estevam e Sonia Hernandes - Foto: Reuters . Em uma delas, Sonia começou a chorar. Perguntados se tinham certeza, disseram 'sim'. O juiz fez um alerta: pode fixar uma pena maior ou menor do que a prevista no acordo. Ele vai levar em conta dois atenuantes: a confissão e o fato de Sonia e Estevam terem mostrado arrependimento. Mas há também um agravante: parte do dinheiro estava com um filho do casal, menor de idade.

Depois da confissão, os dois deixaram o tribunal em direção à casa deles na Flórida, onde vão aguardar a sentença. Segundo informações não oficiais, o acordo com a promotoria teria previsto uma pena de seis meses. Sonia e Estevam Hernandes perdem o direito de recorrer de qualquer decisão da Justiça. Depois de cumprirem a sentença, eles devem ser deportados para o Brasil.

Em nota oficial, a Igreja Renascer informou que o acordo fechado entre a Promotoria americana e o casal prevê que os promotores desistam de qualquer outra acusação contra eles. Em contrapartida, os dois admitiram a culpa em duas acusações - conspiração e ocultação de divisas.

Enquanto o juiz analisa o acordo, Sonia e Estevam continuarão em prisão domiciliar nos Estados Unidos. Eles mantém uma mansão na Flórida e a Justiça utiliza monitoramento eletrônico, feito com uso de um chip.

O casal poderá ainda perder os US$ 56 mil. Na nota, a Igreja Renascer nega que tenha previsão de prisão ou qualquer outra pena fora o pagamento de uma multa que será coberta total ou parcialmente pela quantia apreendida nos Estados Unidos. Além disso, diz a nota, o acordo inclui um período de 'probation', no qual os acusados se comprometem a não violar qualquer lei americana. A nota informa ainda que o casal não vai se pronunciar sobre o assunto.

Casal diz que dinheiro era para despesas pessoais

Sonia e Estevam Hernandez foram detidos em janeiro passado ao entrar com US$ 56 mil dólares nos Estados Unidos sem declarar à alfândega. Eles estão sob liberdade vigiada e, inicialmente, haviam declarado que o dinheiro serviria para pagar despesas pessoais.

Assessores da Renascer chegaram a dizer que o casal pretendia obter na Justiça americana um acordo nos moldes do fechado pelo rabino Henry Sobel , que foi preso em Miami depois de roubar gravatas em lojas de grifes. O rabino vai prestar serviços comunitários no Brasil.

Nesta quinta, representantes da Renascer colheram assinaturas num abaixo-assinado durante a Marcha para Jesus , que reuniu cerca de 3 milhões de pessoas em São Paulo nesta quinta-feira.

Durante o evento, o casal falou diretamente de Miami para milhões de pessoas da marcha, pelo telão. Sem se defender ou comentar diretamente as acusações a que respondem nos Estados Unidos e no Brasil, Sonia e Estevam fizeram discursos ao vivo durante o evento, transmitidos via satélite de Miami para dois telões instalados à beira do palco na Praça Campo de Bagatelle.

Os pulos e a gritaria da festa gospel deram lugar ao silêncio e à concentração nos pronunciamentos, que duraram mais de 20 minutos.

"Ninguém vai nos impedir de viver o amor a Jesus", afirmou a bispa. Dos EUA, o apóstolo Estevam jurou que 6 milhões de pessoas participaram da marcha — dobro do número oficial da PM. "O Brasil será o maior país evangélico do mundo! Invada as ruas! Invada as praças! Declare: Jesus é o senhor do Brasil", pregou o religioso.

Fernanda Rasmussen, filha do casal, afirmava que o abaixo-assinado servirá como repúdio à prisão dos bispos.

- Estamos recolhendo assinaturas para o abaixo-assinado pelo bispo Estevam e pela bispa Sônia porque a gente não concorda com tudo que tem acontecido. Estamos assinando pelo que nós acreditamos - diz.

Quanto à prisão preventiva decretada pela Justiça brasileira, D'Urso afirmou que aguarda a decisão favorável do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre pedido de habeas corpus. Segundo ele, o acordo na Justiça Americana pode favorecer o casal na decisão do STF.

- Vou juntar esse acordo ao habeas corpus e encaminhar ao STF - adiantou o advogado, que preside a OAB-SP.

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