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José Eduardo Cardozo: ex-ministro de Dilma agora vai defender, como procurador, a gestão tucana de João Doria em São Paulo. | Marcelo Camargo/Agência Brasil
José Eduardo Cardozo: ex-ministro de Dilma agora vai defender, como procurador, a gestão tucana de João Doria em São Paulo.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os três ex-ministros de Dilma Rousseff que mais se envolveram na defesa da petista durante o processo de impeachment – José Eduardo Cardozo, Nelson Barbosa e Jaques Wagner – agora voltam às suas “origens”, após o término de uma “quarentena” determinada pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República.

Abarcados pela legislação que trata de conflitos de interesses, os três estavam impedidos de atuar durante os seis meses depois das exonerações, em maio. E, por isso, permaneceram recebendo seus salários até outubro. No mês passado, eles voltaram para suas “origens”.

José Eduardo Cardozo

Ex-ministro da Justiça e ex-advogado-geral da União da gestão Dilma, o petista José Eduardo Cardozo é servidor da prefeitura de São Paulo, onde ingressou como procurador do município. Licenciado há mais de 20 anos, Cardozo agora volta a atuar como advogado de defesa dos interesses da capital de São Paulo, cuja administração a partir do ano que vem caberá a um tucano, João Doria.

Em entrevista ao jornal O Globo, Cardozo contou que irá atuar no escritório da Procuradoria de São Paulo em Brasília, com foco nos processos que tramitam nas Cortes superiores, e que não vê “constrangimento algum” no fato de a nova gestão ser comandada por um filiado ao PSDB: “O funcionário de carreira trabalha com qualquer governo eleito; é seu dever”, declarou ele. Na mesma entrevista, Cardozo informou que também pretende atuar em escritórios privados.

O ex-deputado federal fez a defesa oficial da petista durante todo o processo de impeachment na Câmara dos Deputados e no Senado. Também atuou nos processos envolvendo o caso no Supremo Tribunal Federal. Cardozo se notabilizou por defesas veementes – se emocionou na etapa final, no Senado –, e se tornou um aliado fiel de Dilma. Além disso, a habilidade ao unir aspectos jurídicos e políticos do caso chamou a atenção até mesmo dos oposicionistas, que não deixaram de elogiar a figura de um “incansável Cardozo”, nas palavras dos parlamentares.

Nelson Barbosa

Com um discurso mais técnico e menos político, o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa também se tornou uma figura importante na defesa de Dilma Rousseff, já que o objeto formal do processo de impeachment – “pedaladas fiscais” e decretos de créditos suplementares – se relacionava diretamente com a pasta assumida por ele no final de 2015, após a fracassada passagem de Joaquim Levy. Didático nas explicações que dava sobre o tema, Barbosa participou de longas audiências com os parlamentares.

Agora, Barbosa estaria disposto a se dedicar exclusivamente à vida acadêmica. Doutor em economia, ele é professor titular da Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e também professor adjunto do Instituto de Economia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Jaques Wagner

Já o ex-ministro-chefe da Casa Civil Jaques Wagner, após o turbilhão do processo de impeachment, voltou recentemente aos holofotes, ao ser citado na delação de Claudio Melo Filho, da Odebrecht, no âmbito da Lava Jato. O petista, contudo, não tem dado atenção aos pedidos de entrevista da imprensa nacional. No mês passado, ele voltou para sua base eleitoral, a Bahia, estado que administrou entre 2007 e 2014. Por lá, ele se abrigou no comando do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (Codes) do governo estadual, hoje nas mãos de um correligionário, o também petista Rui Costa. Embora o Codes esteja diretamente vinculado ao gabinete de Costa, o cargo não dá foro privilegiado ao ex-ministro de Dilma.

Ao contrário de Cardozo e Barbosa, escalados para a defesa pública e formal da então chefe do Executivo, Jaques Wagner atuou especialmente nos bastidores, e acompanhou de perto os últimos suspiros da “era petista” no Planalto. No período mais sensível, quando a petista já tinha perdido a caneta, mas ainda detinha a faixa de presidente da República, Jaques Wagner era convocado a conversas praticamente diárias no Palácio da Alvorada, “QG” da etapa final do processo.

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