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O delegado afastado da Polícia Federal Protógenes Queiroz acusou nesta quarta-feira (15) a instituição de persegui-lo. Afirmou que seu afastamento, oficializado no dia 9, é resultado de ter "ousado" investigar o banqueiro Daniel Dantas, preso na Operação Satiagraha. Protógenes se reuniu com parlamentares no Congresso Nacional nesta quarta.

"Isso (o afastamento) é a consequência de quem investiga o banqueiro condenado Daniel Dantas que possui tentáculos estendidos por todo o aparelho estatal. Estou tendo um tratamento jamais visto. Quero que alguém me aponte alguém perseguido diariamente com atos como este", afirmou o delegado. A Polícia Federal disse que não vai comentar as declarações.

Afirmando que "coincidências não existem", ele relatou o seu indiciamento pela Polícia Federal na semana anterior ao julgamento de um hábeas corpus da defesa de Dantas que pedia a nulidade da Satiagraha. Destacou também o fato de seu afastamento da PF ter acontecido logo após o último depoimento na CPI dos Grampos na Câmara.

Campanha

Protógenes ressaltou ainda que o prazo para o término do processo administrativo contra ele por supostamente ter participado de campanha eleitoral -o que teria motivado o afastamento- acaba em 8 de julho, data de um ano da deflagração da Operação Satiagraha.

"O processo termina no dia 8 de julho, quando faz um ano que foi executada a Operação Satiagraha. A comissão vai analisar neste dia se irá me suspender ou me demitir", observou o delegado.

Ele negou ter feito propaganda eleitoral para o candidato petista em Poços de Caldas (MG), Paulo Tadeu, acusação a que responde no processo administrativo da PF. Protógenes disse que participou apenas de uma entrevista e que não sabia do uso eleitoral do material. Disse que está analisando com seus advogados a possibilidade de recurso judicial contra o afastamento.

O delegado distribuiu ainda uma nota, publicada em seu blog, na qual afirma que seu afastamento é uma ação a favor de Dantas. "Tudo leva a crer que se trata de mais uma atitude, possivelmente, em favor do banqueiro condenado Daniel Dantas, semelhante a uma orquestra lufa-lufa". Segundo o delegado, "lufa-lufa" é um termo jocoso para quem faz as coisas de maneira atrapalhada.

O advogado de Dantas, Andrei Schmidt, disse que não vai comentar as declarações de Protógenes. Ele atribuiu as acusações feitas pelo delegado a um "delírio", de "alguém que está desesperado."

Ordem presidencial

Protógenes defendeu ainda o ex-diretor geral da Polícia Federal e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Paulo Lacerda. Afirmou que em nenhum momento Lacerda lhe disse que a Satiagraha acontecia por ordem presidencial, mas reafirmou que a investigação interessava ao gabinete do presidente. A Presidência da República já disse que não ira se manifestar sobre o assunto.

"Não tive ordem direta do gabinete do presidente da República, mas reafirmo que havia interesse do gabinete devido ao fato de que riquezas estavam saindo de forma obscura do país e colocando em risco a segurança nacional", disse o delegado.

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