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O afastamento dos senadores Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Pedro Simon (PMDB-RS) da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado provocou reação dos colegas no Congresso e troca de acusações dentro do PMDB. O líder do partido no Senado, Valdir Raupp (RO), que afastou os dois colegas da CCJ, não gostou das críticas do líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), e do senador Geraldo Mesquita (AC), que classificou o afastamento de "canalhice".

Raupp disse que o partido precisava dos votos dos dois senadores, que não vinham seguindo a orientação da liderança, mas afirmou que eles não estão impedidos de participar de outras comissões.

- Respeito demais Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos, mas eles não têm o direito de permanecer no lugar se a bancada precisa desses votos. O PMDB está na base da coalizão do governo. Coalizão trabalha para ganhar. E o papel do líder é trabalhar para aprovar os projetos do governo - disse Raupp.

Simon e Jarbas foram retirados da comissão por serem considerados muito independentes e críticos às determinações do PMDB e do governo, que espera que a CCJ vote e aprove a prorrogação da CPMF até 2011. Os dois senadores receberam sem surpresa seus afastamentos na quinta-feira. De acordo com Jarbas, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), está por trás da decisão, "já que o PMDB no Senado não existe". Raupp nega que Renan tenha a ver com sua decisão. Ele afirmou que o afastamento de Simon e Jarbas foi motivado pelos projetos que vão chegar nos próximos dias à CCJ. Na noite desta quinta-feira, Renan disse que a substituição dos senadores foi uma decisão do partido e que ele não tem nada a ver com o que se faz nas bancadas.

Raupp diz que queria conversar antes com Jarbas e Simon

Há cerca de dois meses, Raupp vinha sendo pressionado para fazer mudanças na composição do partido na CCJ, mas só anunciou a medida após decisão tomada pela bancada na terça-feira, quando a maioria decidiu pela troca dos dois senadores. O líder reclamou da Mesa Diretora, que que teria lido, sem sua autorização, o anúncio do afastamento dos dois senadores. Raupp disse que queria conversar antes com Jarbas e Simon para só então dar o sinal verde para o anúncio.

Jucá disse que o afastamento dos senadores teve recupercussão negativa no Congresso. Segundo ele, embora legítima a mudança, "é preciso sempre pensar na conveniência política". Raupp respondeu dizendo que Jucá foi um dos que votaram, na reunião da bancada, a favor da substituição.

Raupp também reagiu às declarações de Mesquita, que afirmou não mais reconhecer sua liderança no partido. O líder lembrou que já ajudou Mesquita no Conselho de Ética.

- Se ele não reconhece minha liderança é porque não está no meu lugar. Já sentiu na pele no Conselho de Ética. Lá ele gostou quando precisou - disse Raupp, referindo-se a um processo em que Mesquita era acusado de ficar com parte dos salários de seus funcionários.

De Cochabamba, na Bolívia, Mesquita dissera ainda que está articulando uma reação suprapartidária a "esse ato indigno" e já conversou com Jarbas e Simon.

- É uma canalhice, uma coisa absurda, pela covardia do ato, que foi tomado na calada da noite. Eu não reconheço mais a liderança do Raupp no PMDB. Estou abrindo mão de todas as representações que tenho no PMDB, só não abro mão da minha filiação - afirmou.

O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) discursa no plenário do Senado - Agência Senado Heráclito Fortes (DEM-PI) e Cristovam Buarque (PDT-DF) protestaram no plenário. Heráclito disse que foi um desrespeito à história de Ulisses Guimarães anunciar o afastamento de Jarbas e Simon no dia em que ele estava sendo homenageado no Congresso.

- Substituir sem causa clara figuras como Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos é um ato de coragem, porque é uma agressão à lei da gravidade e, acima de tudo, à opinião pública. Simon e o PMDB se confundem - discursou Heráclito.

Em aparte, Cristovam também fez referência à homenagem que estava sendo prestada a Ulisses e atribuiu o afastamento dos dois senadores a mais uma manobra para atrasar o julgamento de Renan. Segundo ele, os aliados de Renan deram um "golpe burocrático" porque quebraram o diálogo e desrespeitaram os colegas.

- Essa hipocrisia é mais um carimbo, mais uma marca que vai pesar sobre os que estão tentando manejar, manipular o Senado, para dar mais tempo de vida à definição do que vai acontecer com o Senador Renan Calheiros. Esse gesto não foi apenas contra dois senadores. Foi contra a Casa inteira. Quebraram o diálogo. Deram um golpe, um golpe, um golpe. Golpe não é só militar. Existem golpes burocráticos, e esse foi um golpe burocrático.

Aliado de Renan será relator de denúncia contra propina

Também nesta quinta-feira, o presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), anunciou que o senador Almeida Lima (PMDB-SE), integrante da tropa renanzista, será relator da representação que o presidente do Senado responde por envolvimento em suposto esquema de propinas para desviar recursos dos ministérios comandados pelo PMDB.

Já o senador João Vicente Claudinho (PTB-PI) é um dos cotados para relatar o processo que investiga a denúncia de que Renan teria usado laranjas para comprar veículos de comunicação em Alagoas, mas está relutando em aceitar o convite.

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