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Sob aplausos de parlamentares da base aliada, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), assinou ontem um documento em que concorda em abrir seus sigilos bancário, fiscal e telefônico à CPMI do Cachoeira. Pressionado pelo gesto de Agnelo, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), informou logo depois que também autoriza a CPMI a ter acesso a seus dados sigilosos. Os dois são suspeitos de terem ligação com o esquema de corrupção do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Com a medida, eles buscam demonstrar que não têm relação com o bicheiro e que não têm nada a temer.

Após o anúncio dos dois, tornou-se pública a informação de que Agnelo já havia tido seus sigilos quebrados judicialmente, pelo ministro César Asfor Rocha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A revelação levantou a suspeita de que o anúncio do governador do Distrito Federal foi apenas uma jogada para parecer transparente perante a opinião pública.

Durante seu depoimento ontem à CPMI, Agnelo chegou a ser questionado pelo deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) se ele sabia da quebra judicial dos sigilos. O petista desconversou. Posteriormente, a assessoria do governador informou que a quebra de sigilo determinada pelo STJ envolve uma investigação referente ao período em que Agnelo esteve no Ministério do Esporte e que elas não poderiam ser compartilhadas pela Justiça com a CPMI.

Hoje, a CPMI deve votar a extensão da quebra dos sigilos tanto de Perillo quanto de Agnelo – ou seja, em qual período seus dados serão disponibilizados aos parlamentares.

Vítima

Durante o depoimento de ontem, Agnelo negou qualquer ligação com Cachoeira. Disse ser vítima da organização do bicheiro, que "tramou" sua derrubada do governo de Brasília, valendo-se de "falsas acusações" veiculadas na imprensa. "A organização aqui investigada tramou a minha derrubada, [de] um governo legitimamente eleito pelo povo do Distrito Federal", disse Agnelo. O governador deu a entender que isso havia ocorrido porque contrariou interesses da organização.

Agnelo ainda disse que não há nenhuma indicação de que ele tenha tomado qualquer decisão em favor de Cachoeira e da empreiteira Delta, ligada ao esquema do contraventor. Apesar disso, Agnelo admitiu que se encontrou com Cachoeira quando era diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mas disse que a reunião foi realizada em uma visita que fez à empresa farmacêutiva Vitapan, que tem Cachoeira como um dos sócios.

Sobre as 50 citações a seu nome feitas pelo grupo de Cachoeira, que aparecem em interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal, o governador disse que não pode responder por diálogos de terceiros.

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