
O ex-deputado federal pelo PT do Paraná André Vargas, preso há seis meses em Curitiba, confirmou em depoimento prestado nesta quarta-feira (14) ao juiz federal Sergio Moro que declarou à Receita Federal um valor menor do que a quantia efetivamente paga na compra da sua casa, no bairro Alphaville, em Londrina. Ele negou com veemência, contudo, que tenha feito isso para lavar dinheiro de origem ilícita e acrescentou que o valor foi alterado a pedido do vendedor. “Nos meus 14 anos de vida pública, tive um rendimento de cerca de R$ 3,5 milhões a R$ 4 milhões. Todos os meus bens cabem perfeitamente na minha receita. Não há que se falar em enriquecimento ilícito”, disse ele. A audiência foi marcada dentro de uma das ações penais da Lava Jato em trâmite na 13ª Vara Federal Criminal.
André Vargas diz que ter um imóvel no Alphaville em Londrina “não é um exagero”
“É um bairro bom, mas de classe média baixa”, diz o ex-deputado ao juiz Sergio Moro.
+ VÍDEOSO ex-petista alega que declarou um valor inferior – R$ 480 mil, ao invés de R$ 980 mil, valor efetivamente pago - a pedido do juiz federal Eduardo Fernando Appio, então proprietário da casa. “Só aceitei a orientação (passada pelo corretor de imóveis). Concordei porque foi iniciativa de um juiz federal. Não teríamos dificuldade nenhuma em declarar 980 mil reais e a gente não estaria passando por isso agora”, disse Vargas. Appio é testemunha arrolada pelo Ministério Público Federal e, em depoimento já prestado a Moro dentro do processo, em agosto, ele reforçou que declarou integralmente o valor recebido pelo imóvel à Receita Federal. “Nós só estamos sentados na tarde de hoje aqui porque eu cumpri como cidadão, honesto que sou, meu dever com a Receita Federal”, falou Appio, na ocasião.
Neste processo criminal, o ex-parlamentar é acusado pelo Ministério Público Federal de comprar uma casa em Londrina no ano de 2011 com dinheiro recebido indevidamente por contratos de publicidade firmados entre a agência de publicidade Borghi Lowe e dois órgãos federais, a Caixa Econômica Federal e Ministério da Saúde. Em outro processo da Lava Jato, referente à suposta vantagem indevida pelos contratos, Vargas já foi condenado em setembro deste ano a 14 anos e 4 meses de prisão pelos crimes de corrupção (ativa e passiva) e lavagem de dinheiro. Ele está recorrendo contra a sentença.
O ex-petista afirma que o dinheiro para a compra da casa é fruto da venda de um sítio e de economias, parte em espécie, guardada no seu escritório, “por opção pessoal”.
Em mais de uma ocasião, Vargas repetiu ainda que é o único responsável por todo o processo de aquisição do imóvel. A mulher do ex-parlamentar, Edilaira Soares, e seu irmão, Leon Vargas, também são réus neste caso. Também convocados por Moro nesta quarta-feira, Leon ficou em silêncio e Edilaira negou ter conhecimento sobre qualquer ilicitude. Ela confirma o desembolso de R$ 980 mil, mas não sabe explicar o motivo da declaração inferior à Receita Federal. “Foi um combinado entre eles”, disse ela, corroborando a tese do marido em relação à origem dos recursos. “Nós tínhamos um sítio, que foi vendido, e o André tinha as economias”.



