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Órgão de fiscalização

Anulada há um ano, nomeação de Maurício ao TC permanece sub judice

Ivan Bonilha, aliado de Beto Richa, ocupou o lugar do irmão de Roberto Requião. Durval Amaral, também da base do governador, deve assumir nova vaga no órgão

Eleito em julho de 2008, Maurício Requião ficou apenas oito meses no Tribunal de Contas do Paraná | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Eleito em julho de 2008, Maurício Requião ficou apenas oito meses no Tribunal de Contas do Paraná (Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo)

Nos próximos dias, a cadeira vaga no Tribunal de Contas do Paraná (TC) deverá passar a ser ocupada pelo deputado estadual licenciado e atual chefe da Casa Civil do governo do estado, Durval Amaral (DEM). Uma outra cadeira, porém, que hoje é ocupada pelo conselheiro Ivan Bonilha, está longe de ter uma definição a respeito de quem é de fato o dono da vaga.

Eleito para o cargo em julho de 2008, Maurício Requião perdeu o posto oito meses depois por decisão liminar do Supremo Tribunal Federal (STF). Em maio do ano passado, a Assembleia Legislativa anulou a eleição de Maurício e Bonilha foi escolhido para o posto, que por quase três anos permaneceu vago. Apesar disso, ações tramitam nas três instâncias judiciais envolvendo os dois pleitos e, a qualquer momento, uma nova decisão pode provocar uma reviravolta no caso.

Imbróglio

Maurício, que é irmão do senador e ex-gover­­­nador Roberto Requião (PMDB), havia sido nomeado para o TC para ocupar a vaga do ex-conselheiro Henrique Naigeboren, aposentado compulsoriamente ao completar 70 anos. Em março de 2009, no entanto, o ministro do STF Ricardo Lewandowski concedeu liminar impedindo a atuação de Maurício no tribunal sob a justificativa de que a indicação dele, feita durante o governo Requião, desrespeitaria a Súmula n.º 13, que proíbe a prática de nepotismo em órgãos públicos.

Além disso, Lewandowski considerou ilegal a nomeação porque a eleição foi rea­­lizada antes da aposentadoria efetiva de Naigeboren. Maurício foi eleito pela Assembleia e a nomeação dele foi oficializada pelo irmão no dia 10 de julho de 2008. Nessa mesma data, foi publicado o decreto de aposentadoria de Naigeboren. Isso caracterizaria a irregularidade da eleição.

Em 5 de maio de 2011, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Valdir Rossoni (PSDB) considerou nula a nomeação de Maurício por entender que a Mesa Diretora da Casa em 2008, então presidida por Nelson Justus (DEM), abriu antes do tempo previsto em lei o processo de eleição. Na sequência, o governador Beto Richa (PSDB) confirmou a decisão e assinou um documento revogando a nomeação do irmão de Requião.

Com isso, a cadeira no TC foi considerada vaga e foi aberto um novo processo de eleição para indicar o sétimo conselheiro do tribunal. Quem venceu a disputa foi o então procurador-geral do estado, Ivan Bonilha.

Na Justiça

Tanto o processo de eleição de Maurício quanto o de Bonilha são questionados no Supremo. Nos dois casos, o ministro Lewandowski decidiu contra Maurício, mantendo-o afastado do cargo. Há um entendimento de que, como a nomeação do irmão do senador Roberto Requião foi revogada, o assunto no STF teria perdido o objeto, fazendo com que ele nem seja apreciado pelo colegiado de 11 ministros. Essa análise jurídica, entretanto, ainda não é dada como certa.

Ao mesmo tempo, há diversas ações tramitando nas Varas da Fazenda Pública de Curitiba e no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ) envolvendo todo esse imbróglio. Independentemente das decisões que venham a ser tomadas a qualquer tempo nas instâncias inferiores, a palavra final deverá ser dada pelo STF, o que pode levar meses ou até anos.

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